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Vestibular da UERJ perde 54% dos candidatos

18 de Julho de 2017

Mesmo enfrentando a pior crise de sua história e com a ameaça de uma greve que poderá atrasar ainda mais o início do ano letivo, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) realizou neste domingo a primeira etapa de seu vestibular.

Dos 37.195 mil inscritos na prova, apenas 33.335 compareceram, uma abstenção de 10,38%. Em relação ao ano passado, o número de participantes caiu 54,7%.

A precarização da universidade e o calendário irregular de aulas foram os principais motivos para afastar boa parte dos candidatos. A penúria do estado também suspendeu a seleção para o curso de oficiais dos bombeiros, feita junto com o vestibular da Uerj nos anos de 1998 e 1999 e de 2003 até 2016.

Com os salários atrasados, funcionários e professores da universidade já avisaram que só voltam ao trabalho quando os vencimentos forem pagos.

Apesar de um cenário com tantas incertezas, quem compareceu ao primeiro exame de qualificação reconheceu a importância da instituição e viu, na redução do número de concorrentes, uma boa oportunidade para ingressar numa universidade pública.

Os portões no campus do Maracanã fecharam às 9h05m, e nenhum estudante chegou atrasado para a prova, que durou quatro horas.

— Acho que este ano o pessoal ficou mais tranquilo porque tem menos gente competindo pelas vagas. Fico apreensivo com essa crise, mas sei que uma hora ela vai passar. Se as aulas atrasarem, vou buscar um trabalho só para ganhar um dinheiro, para não ficar à toa — contou Caio Henrique Ayres, de 18 anos, que pretende cursar geografia.

1950

Fundada em 1950, a Uerj enfrenta as consequências da crise financeira do estado.

As aulas do segundo semestre de 2016 começaram somente em 10 de abril, com oito meses de atraso. O período letivo também foi reduzido a 13 semanas e terminou na última sexta-feira.

A previsão era que as aulas do primeiro semestre de 2017 — numa versão reduzida, apenas com três meses — começassem no dia 1º de agosto, mas os professores já decidiram, em assembleia geral, que vão entrar em greve, caso o governo não pague os vencimentos atrasados.

O que faltava dos salários de abril foi depositado apenas na última quarta-feira. Em relação ao mês de maio, foi quitada, na sexta-feira, uma parcela de R$ 550 para os servidores públicos.

O restante dos vencimentos, o mês de junho e o 13º terceiro do ano passado seguem sem previsão de pagamento.

Presidente da Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj), Lia Rocha afirma que as condições de trabalho na universidade estão no limite:

— Sem pagamento, não temos condições de trabalhar. É uma situação muito grave, muito difícil. A Uerj não vai acabar, mas está sendo asfixiada pelo governo.

Só recebeu 38,2% do orçamento

De R$ 1,1 bilhão previsto para o orçamento de 2017, a reitoria da Uerj recebeu, até a última sexta-feira, R$ 420,3 milhões (38,2% do total), de acordo com a Secretaria estadual de Fazenda. O orçamento de 2016 também foi de R$ 1,1 bilhão, mas apenas R$ 767,4 milhões foram repassados (69,76%).

Em nota, a pasta informou que reconhece a importância da Uerj e tem concentrado esforços na busca de soluções para a superação do atual quadro de graves dificuldades enfrentadas pela instituição.

Acrescentou ainda que “os repasses não ocorreram na sua totalidade devido à crise nas finanças estaduais, provocada pela significativa queda na receita de tributos em consequência da depressão econômica do país, pelo recuo na arrecadação de royalties e a redução dos investimentos da Petrobras”.

De acordo com Gustavo Krause, diretor do Departamento de Seleção Acadêmica da Uerj, o alto percentual de faltosos (10,38%) pode ter relação com a decisão do governo de não realizar neste ano o processo seletivo para a Academia do Corpo de Bombeiros.

Segundo ele, a universidade foi informada da decisão por uma carta, enviada no dia 13 de junho, pelo comando da corporação. As inscrições terminaram no dia seguinte.

— O governo deve ter cancelado o concurso para não aumentar despesa, porque os aprovados recebem uma bolsa. A saída dos bombeiros foi muito ruim para todo mundo e péssima para quem estava se preparando. O estado perde, com isso, oficiais dos bombeiros, o que poderá causar um déficit lá na frente.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a universidade foi responsável pela seleção dos candidatos nos anos de 1998 e 1999. Depois, novamente, de 2003 até 2016.

Créditos: Guilherme Ramalho/ O Globo

Mesmo enfrentando a pior crise de sua história e com a ameaça de uma greve que poderá atrasar ainda mais o início do ano letivo, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) realizou neste domingo a primeira etapa de seu vestibular.

Dos 37.195 mil inscritos na prova, apenas 33.335 compareceram, uma abstenção de 10,38%. Em relação ao ano passado, o número de participantes caiu 54,7%.

A precarização da universidade e o calendário irregular de aulas foram os principais motivos para afastar boa parte dos candidatos. A penúria do estado também suspendeu a seleção para o curso de oficiais dos bombeiros, feita junto com o vestibular da Uerj nos anos de 1998 e 1999 e de 2003 até 2016.

Com os salários atrasados, funcionários e professores da universidade já avisaram que só voltam ao trabalho quando os vencimentos forem pagos.

Apesar de um cenário com tantas incertezas, quem compareceu ao primeiro exame de qualificação reconheceu a importância da instituição e viu, na redução do número de concorrentes, uma boa oportunidade para ingressar numa universidade pública.

Os portões no campus do Maracanã fecharam às 9h05m, e nenhum estudante chegou atrasado para a prova, que durou quatro horas.

— Acho que este ano o pessoal ficou mais tranquilo porque tem menos gente competindo pelas vagas. Fico apreensivo com essa crise, mas sei que uma hora ela vai passar. Se as aulas atrasarem, vou buscar um trabalho só para ganhar um dinheiro, para não ficar à toa — contou Caio Henrique Ayres, de 18 anos, que pretende cursar geografia.

1950

Fundada em 1950, a Uerj enfrenta as consequências da crise financeira do estado.

As aulas do segundo semestre de 2016 começaram somente em 10 de abril, com oito meses de atraso. O período letivo também foi reduzido a 13 semanas e terminou na última sexta-feira.

A previsão era que as aulas do primeiro semestre de 2017 — numa versão reduzida, apenas com três meses — começassem no dia 1º de agosto, mas os professores já decidiram, em assembleia geral, que vão entrar em greve, caso o governo não pague os vencimentos atrasados.

O que faltava dos salários de abril foi depositado apenas na última quarta-feira. Em relação ao mês de maio, foi quitada, na sexta-feira, uma parcela de R$ 550 para os servidores públicos.

O restante dos vencimentos, o mês de junho e o 13º terceiro do ano passado seguem sem previsão de pagamento.

Presidente da Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj), Lia Rocha afirma que as condições de trabalho na universidade estão no limite:

— Sem pagamento, não temos condições de trabalhar. É uma situação muito grave, muito difícil. A Uerj não vai acabar, mas está sendo asfixiada pelo governo.

Só recebeu 38,2% do orçamento

De R$ 1,1 bilhão previsto para o orçamento de 2017, a reitoria da Uerj recebeu, até a última sexta-feira, R$ 420,3 milhões (38,2% do total), de acordo com a Secretaria estadual de Fazenda. O orçamento de 2016 também foi de R$ 1,1 bilhão, mas apenas R$ 767,4 milhões foram repassados (69,76%).

Em nota, a pasta informou que reconhece a importância da Uerj e tem concentrado esforços na busca de soluções para a superação do atual quadro de graves dificuldades enfrentadas pela instituição.

Acrescentou ainda que “os repasses não ocorreram na sua totalidade devido à crise nas finanças estaduais, provocada pela significativa queda na receita de tributos em consequência da depressão econômica do país, pelo recuo na arrecadação de royalties e a redução dos investimentos da Petrobras”.

De acordo com Gustavo Krause, diretor do Departamento de Seleção Acadêmica da Uerj, o alto percentual de faltosos (10,38%) pode ter relação com a decisão do governo de não realizar neste ano o processo seletivo para a Academia do Corpo de Bombeiros.

Segundo ele, a universidade foi informada da decisão por uma carta, enviada no dia 13 de junho, pelo comando da corporação. As inscrições terminaram no dia seguinte.

— O governo deve ter cancelado o concurso para não aumentar despesa, porque os aprovados recebem uma bolsa. A saída dos bombeiros foi muito ruim para todo mundo e péssima para quem estava se preparando. O estado perde, com isso, oficiais dos bombeiros, o que poderá causar um déficit lá na frente.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a universidade foi responsável pela seleção dos candidatos nos anos de 1998 e 1999. Depois, novamente, de 2003 até 2016.

Créditos: Guilherme Ramalho/ O Globo