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Desvios da norma culta

13 de Junho de 2017

Olá, pessoal!

Vocês já devem ter se deparado, ou no cotidiano de vocês ou em mensagens no WhatsApp e em postagens no Facebook, por exemplo, com muitas placas que são escritas com desvios da norma culta da língua portuguesa.

Essas placas, embora sejam motivo de humor, são também fontes produtivas para reflexões importantíssimas sobre a nossa língua.

A partir dessas placas e dos discursos que são produzidos sobre elas, podemos pensar bastante sobre as variações de linguagem e sobre preconceito linguístico. Para nós, linguistas e professores, muito mais importante que zombar desses desvios é compreender as razões pelas quais eles ocorrem.

Por isso, no post de hoje, analisaremos alguns casos, procurando investigar as razões pelas quais eles aconteceram. Observem as placas abaixo e tentem pensar quais desvios ocorreram em cada uma delas:

Agora, vamos lá!

Na placa número 1, a confusão ocorre entre /g/ e /j/, pois a palavra "viage" é escrita onde o correto seria "viaje", já que o sentido desejado é aquele em que é necessário o uso do verbo "viajar" em seu modo imperativo.

Olhem só: a placa 1 tem palavras homônimas homófonas, que são aquelas palavras cujo som é o mesmo, mas a grafia e o significado são diferentes. "Viage" faz par com "viaje".

Vamos pensar sobre mais alguns casos?

Nas placas 2 e 4, o /z/ é utilizado no lugar do /s/, uma vez que ambos representam o mesmo som, revelando uma confusão que é muito comum no português brasileiro.

A placa número 3 apresenta a troca entre /c/ e /s/: civil é escrito como sivil e serviço é escrito como cerviso. Em "cerviso", também ocorre a colocação de /s/ no lugar de /ç/ - e, como apenas um /s/ é colocado, o fim da palavra fica com som de [z], e não do [s]. Além disso, essa placa possui outro problema semelhante na grafia da palavra "calsadas", na qual o /s/ é escrito onde deveria haver um /ç/.

A placa 3 é ótimo demonstrativo das confusões envolvendo S, SS, C e Ç, pois todas essas letras podem representar o som de [s] e são facil e frequentemente confundidas. A assimilação ocorre mais pela memorização da regra do que por alguma lógica efetiva.

As descrições dos casos das placas acima nos mostram, portanto, que os desvios presentes ocorrem, basicamente, em função de um mesmo som do português brasileiro poder ser representado por diferentes letras, e a correta aplicação dessas letras depende, principalmente, da memorização de cada caso.

Assim, sabemos que os autores das placas desse primeiro grupo sabiam qual o som presente nas palavras e quais as possibilidades de fonemas que os representam, mas se confundiram em relação às letras que deveriam grafar naqueles casos.

Problemas semelhantes são comuns na escrita de crianças que estão sendo alfabetizadas, pois elas ainda não possuem grande intimidade com as variações das grafias. E, mesmo falantes bastante familiarizados com as práticas de leitura e escrita, muitas vezes, confundem-se e se colocam em dúvida na hora de escrever determinadas palavras que envolvem S, SS, C, Z, J, G, CH, X etc.

Por mais que até existam algumas regras em relação à aplicação dessas letras, são regras pouco intuitivas, que exigem mais que vocês decorem do que compreendam, de fato, qual uso deve ser feito em cada caso.

Mas, então, como você pode saber qual a grafia correta nesses casos?

É claro que é muito importante que vocês estudem as regras de ortografia, para que tentem memorizar as estruturas e para que evitem esses desvios na escrita de vocês, tanto na escrita de redações e respostas nos vestibulares, quanto em todos os demais momentos em que vocês terão que produzir textos escritos.

Consultem, nos materiais didáticos de vocês, os capítulos referentes à grafia de palavras; lá, vocês irão se deparar com uma infinidade de casos e aplicações de regras distintas.

Mas, além disso, talvez o modo mais efetivo de compreenderem essas regras seja por meio da dedicação à leitura! Quanto mais vocês encontrarem essas palavras nos textos que vocês leem, mais estarão familiarizados com a grafia delas. Vale ler livro da lista do vestibular, livro que viu na prateleira de lançamentos, notícias, reportagens, artigos, debates, resenhas, ensaios… O importante é que vocês estejam em contato com textos que enriqueçam o vocabulário de vocês!

Agora, quando encontrar mais placas com desvios da norma culta, seja no seu caminho para a escola, seja em suas redes sociais, que tal tentar fazer o papel de investigador e pensar nas razões pelas quais os desvios aconteceram?

Esperamos que tenham gostado do texto de hoje. Nos vemos de novo em breve!

Professora Elis Nazar


Olá, pessoal!

Vocês já devem ter se deparado, ou no cotidiano de vocês ou em mensagens no WhatsApp e em postagens no Facebook, por exemplo, com muitas placas que são escritas com desvios da norma culta da língua portuguesa.

Essas placas, embora sejam motivo de humor, são também fontes produtivas para reflexões importantíssimas sobre a nossa língua.


A partir dessas placas e dos discursos que são produzidos sobre elas, podemos pensar bastante sobre as variações de linguagem e sobre preconceito linguístico. Para nós, linguistas e professores, muito mais importante que zombar desses desvios é compreender as razões pelas quais eles ocorrem.

Por isso, no post de hoje, analisaremos alguns casos, procurando investigar as razões pelas quais eles aconteceram. Observem as placas abaixo e tentem pensar quais desvios ocorreram em cada uma delas:


Agora, vamos lá!

Na placa número 1, a confusão ocorre entre /g/ e /j/, pois a palavra "viage" é escrita onde o correto seria "viaje", já que o sentido desejado é aquele em que é necessário o uso do verbo "viajar" em seu modo imperativo.

Olhem só: a placa 1 tem palavras homônimas homófonas, que são aquelas palavras cujo som é o mesmo, mas a grafia e o significado são diferentes. "Viage" faz par com "viaje".

Vamos pensar sobre mais alguns casos?

Nas placas 2 e 4, o /z/ é utilizado no lugar do /s/, uma vez que ambos representam o mesmo som, revelando uma confusão que é muito comum no português brasileiro.

A placa número 3 apresenta a troca entre /c/ e /s/: civil é escrito como sivil e serviço é escrito como cerviso. Em "cerviso", também ocorre a colocação de /s/ no lugar de /ç/ - e, como apenas um /s/ é colocado, o fim da palavra fica com som de [z], e não do [s]. Além disso, essa placa possui outro problema semelhante na grafia da palavra "calsadas", na qual o /s/ é escrito onde deveria haver um /ç/.

A placa 3 é ótimo demonstrativo das confusões envolvendo S, SS, C e Ç, pois todas essas letras podem representar o som de [s] e são facil e frequentemente confundidas. A assimilação ocorre mais pela memorização da regra do que por alguma lógica efetiva.

As descrições dos casos das placas acima nos mostram, portanto, que os desvios presentes ocorrem, basicamente, em função de um mesmo som do português brasileiro poder ser representado por diferentes letras, e a correta aplicação dessas letras depende, principalmente, da memorização de cada caso.

Assim, sabemos que os autores das placas desse primeiro grupo sabiam qual o som presente nas palavras e quais as possibilidades de fonemas que os representam, mas se confundiram em relação às letras que deveriam grafar naqueles casos.

Problemas semelhantes são comuns na escrita de crianças que estão sendo alfabetizadas, pois elas ainda não possuem grande intimidade com as variações das grafias. E, mesmo falantes bastante familiarizados com as práticas de leitura e escrita, muitas vezes, confundem-se e se colocam em dúvida na hora de escrever determinadas palavras que envolvem S, SS, C, Z, J, G, CH, X etc.

Por mais que até existam algumas regras em relação à aplicação dessas letras, são regras pouco intuitivas, que exigem mais que vocês decorem do que compreendam, de fato, qual uso deve ser feito em cada caso.

Mas, então, como você pode saber qual a grafia correta nesses casos?

É claro que é muito importante que vocês estudem as regras de ortografia, para que tentem memorizar as estruturas e para que evitem esses desvios na escrita de vocês, tanto na escrita de redações e respostas nos vestibulares, quanto em todos os demais momentos em que vocês terão que produzir textos escritos.

Consultem, nos materiais didáticos de vocês, os capítulos referentes à grafia de palavras; lá, vocês irão se deparar com uma infinidade de casos e aplicações de regras distintas.

Mas, além disso, talvez o modo mais efetivo de compreenderem essas regras seja por meio da dedicação à leitura! Quanto mais vocês encontrarem essas palavras nos textos que vocês leem, mais estarão familiarizados com a grafia delas. Vale ler livro da lista do vestibular, livro que viu na prateleira de lançamentos, notícias, reportagens, artigos, debates, resenhas, ensaios… O importante é que vocês estejam em contato com textos que enriqueçam o vocabulário de vocês!

Agora, quando encontrar mais placas com desvios da norma culta, seja no seu caminho para a escola, seja em suas redes sociais, que tal tentar fazer o papel de investigador e pensar nas razões pelas quais os desvios aconteceram?

Esperamos que tenham gostado do texto de hoje. Nos vemos de novo em breve!

Professora Elis Nazar