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Segregação Racial nos Estados Unidos

23 de Setembro de 2019

Por Cláudio Fernandes/ Mundo Educação/ UOL 
Créditos da imagem: EPG EuroPhotoGraphics / Shutterstock.com

O que é segregação racial?
A segregação racial, no contexto da Idade Contemporânea, pode ser definida como um tipo de política de Estado que tem por objetivo separar indivíduos ou grupos de indivíduos de uma mesma sociedade por meio de critérios raciais (ou étnicos). Esse tipo de medida passou a ser executado a partir do fim do século XIX e teve forte vigor no século XX, em países como a Alemanha nazista, com o antissemitismo, a África do Sul, com o apartheid, e os Estados Unidos da América.

Para compreendermos a questão da segregação racial nos Estados Unidos, é necessário que relembremos um pouco do processo de formação desse país.

Sabemos que os EUA foram formados, inicialmente, por colonos ingleses, que deram origem às chamadas Treze Colônias na costa Leste do país. No entanto, as colônias do Sul tiveram um desenvolvimento diferente daquelas do Norte.

Enquanto no Norte houve o modelo da pequena propriedade privada, do trabalho livre e assalariado e do desenvolvimento da indústria, no Sul prevaleceu o modelo da grande propriedade de terras e da monocultura (que caracteriza a chamada plantation). Nesse modelo, ao contrário do que vigorou no Norte, assentou-se o uso do trabalho escravo, mais precisamente de escravos negros do continente africano.

Sendo assim, durante o período em que predominou a escravidão no Sul dos EUA, os negros escravos eram, assim como no Brasil e em outras partes do mundo à época, considerados mercadoria de seus donos e não indivíduos portadores de direitos.

Guerra Civil e implantação de políticas segregacionistas no Sul
Essa situação só teve fim, evidentemente, com o término do modelo econômico escravocrata no Sul. O término veio com a Guerra Civil, fato que transcorreu entre os anos de 1861 e 1865. Na Guerra Civil Americana, entraram em conflito os estados do Norte, ou União, comandados pelo então presidente Abraham Lincoln, e os autoproclamados Estados Confederados do Sul, que pretendiam fundar uma confederação separatista. A guerra terminou com a vitória do Norte, que resultou na imediata abolição da escravatura.

Após a guerra, deu-se início a um processo de reconstrução do país e reincorporação dos estados do Sul ao restante do país. Nesse período, que corresponde aos anos finais da década de 1860, apareceram as primeiras tentativas de implementação das políticas segregacionistas.

A muitos cidadãos brancos sulistas era inaceitável que os negros, recém-libertos, tivessem os mesmos direitos e ocupassem os mesmos espaços que eles. No mesmo ano em que terminou a guerra (1865), por exemplo, foi formada a seita Ku Klux Klan por um ex-combatente das tropas sulistas, chamado de Nathan Bedford Forrest. A polícia da União sufocou os primeiros focos de ação violenta da Klan contra os negros. Todavia, no início do século XX, a seita voltaria com muita força e milhares de adeptos.

Sobre o processo de implantação das leis segregacionistas nos EUA, o historiador Leandro Karnal diz o seguinte:

“Leis de segregação racial haviam feito breve aparição durante a reconstrução, mas desapareceram até 1868. Ressurgiram no governo de Grant, a começar pelo Tennesse, em 1870: lá, os sulistas brancos promulgaram leis contra o casamento inter-racial. Cinco anos mais tarde, o Tennessee adotou a primeira Lei Jim Crow e o resto do sul o seguiu rapidamente.

O termo “Jim Crow”, nascido de uma música popular, referia-se a toda lei (foram dezenas) que seguisse o princípio “separados, mas iguais”, estabelecendo afastamento entre negros e brancos nos trens, estações ferroviárias, cais, hotéis, barbearias, restaurantes, teatros, entre outros. Em 1885, a maior parte das escolas sulistas também foram divididas em instituições para brancos e outras para negros. Houve “leis Jim Crow” por todo o sul. Apenas nas décadas de 1950 e 1960 a suprema Corte derrubaria a ideia de “separados, mas iguais”. [1]

Os entraves sociais provocados pelas leis de segregação racial nos EUA e o virulento racismo delas decorrente só começariam, de fato, a ser ao menos parcialmente resolvidos como os movimentos de luta pelos direitos civis dos negros. Um dos líderes desses movimentos tornou-se símbolo dessa luta: Martin Luther King Jr. 

NOTAS

[1] KARNAL, Leandro [et al.]. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007.



 


Por Cláudio Fernandes/ Mundo Educação/ UOL 
Créditos da imagem: EPG EuroPhotoGraphics / Shutterstock.com

O que é segregação racial?
A segregação racial, no contexto da Idade Contemporânea, pode ser definida como um tipo de política de Estado que tem por objetivo separar indivíduos ou grupos de indivíduos de uma mesma sociedade por meio de critérios raciais (ou étnicos). Esse tipo de medida passou a ser executado a partir do fim do século XIX e teve forte vigor no século XX, em países como a Alemanha nazista, com o antissemitismo, a África do Sul, com o apartheid, e os Estados Unidos da América.

Para compreendermos a questão da segregação racial nos Estados Unidos, é necessário que relembremos um pouco do processo de formação desse país.

Sabemos que os EUA foram formados, inicialmente, por colonos ingleses, que deram origem às chamadas Treze Colônias na costa Leste do país. No entanto, as colônias do Sul tiveram um desenvolvimento diferente daquelas do Norte.

Enquanto no Norte houve o modelo da pequena propriedade privada, do trabalho livre e assalariado e do desenvolvimento da indústria, no Sul prevaleceu o modelo da grande propriedade de terras e da monocultura (que caracteriza a chamada plantation). Nesse modelo, ao contrário do que vigorou no Norte, assentou-se o uso do trabalho escravo, mais precisamente de escravos negros do continente africano.

Sendo assim, durante o período em que predominou a escravidão no Sul dos EUA, os negros escravos eram, assim como no Brasil e em outras partes do mundo à época, considerados mercadoria de seus donos e não indivíduos portadores de direitos.

Guerra Civil e implantação de políticas segregacionistas no Sul
Essa situação só teve fim, evidentemente, com o término do modelo econômico escravocrata no Sul. O término veio com a Guerra Civil, fato que transcorreu entre os anos de 1861 e 1865. Na Guerra Civil Americana, entraram em conflito os estados do Norte, ou União, comandados pelo então presidente Abraham Lincoln, e os autoproclamados Estados Confederados do Sul, que pretendiam fundar uma confederação separatista. A guerra terminou com a vitória do Norte, que resultou na imediata abolição da escravatura.

Após a guerra, deu-se início a um processo de reconstrução do país e reincorporação dos estados do Sul ao restante do país. Nesse período, que corresponde aos anos finais da década de 1860, apareceram as primeiras tentativas de implementação das políticas segregacionistas.

A muitos cidadãos brancos sulistas era inaceitável que os negros, recém-libertos, tivessem os mesmos direitos e ocupassem os mesmos espaços que eles. No mesmo ano em que terminou a guerra (1865), por exemplo, foi formada a seita Ku Klux Klan por um ex-combatente das tropas sulistas, chamado de Nathan Bedford Forrest. A polícia da União sufocou os primeiros focos de ação violenta da Klan contra os negros. Todavia, no início do século XX, a seita voltaria com muita força e milhares de adeptos.

Sobre o processo de implantação das leis segregacionistas nos EUA, o historiador Leandro Karnal diz o seguinte:

“Leis de segregação racial haviam feito breve aparição durante a reconstrução, mas desapareceram até 1868. Ressurgiram no governo de Grant, a começar pelo Tennesse, em 1870: lá, os sulistas brancos promulgaram leis contra o casamento inter-racial. Cinco anos mais tarde, o Tennessee adotou a primeira Lei Jim Crow e o resto do sul o seguiu rapidamente.

O termo “Jim Crow”, nascido de uma música popular, referia-se a toda lei (foram dezenas) que seguisse o princípio “separados, mas iguais”, estabelecendo afastamento entre negros e brancos nos trens, estações ferroviárias, cais, hotéis, barbearias, restaurantes, teatros, entre outros. Em 1885, a maior parte das escolas sulistas também foram divididas em instituições para brancos e outras para negros. Houve “leis Jim Crow” por todo o sul. Apenas nas décadas de 1950 e 1960 a suprema Corte derrubaria a ideia de “separados, mas iguais”. [1]

Os entraves sociais provocados pelas leis de segregação racial nos EUA e o virulento racismo delas decorrente só começariam, de fato, a ser ao menos parcialmente resolvidos como os movimentos de luta pelos direitos civis dos negros. Um dos líderes desses movimentos tornou-se símbolo dessa luta: Martin Luther King Jr. 

NOTAS

[1] KARNAL, Leandro [et al.]. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007.