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Wahhabismo

15 de Agosto de 2019

Por Cláudio Fernandes 
Mundo Educação/ UOL 
Imagem de Meca

A história do islamismo, sobretudo após a morte de seu fundador, o profeta Maomé (ou Mohamed), é permeada por conflitos relacionados com a interpretação das doutrinas e a herança político-religiosa.

 Os segmentos facciosos tradicionais observados entre sunitas e xiitas, ao longo dos séculos, dão testemunho desses conflitos, sem contar outros seguimentos também tradicionais, como o dos alauítas.

No entanto, a partir do século XVIII, mas, sobretudo, ao longo do século XX e, agora, no século XXI, algumas facções islâmicas passaram a apresentar uma radicalização extrema. Grupos terroristas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda são expressões desse radicalismo. Ambos têm sua raiz em uma seita chamada Wahhabismo, cuja origem remete à formação da Arábia Saudita.

O fundador do wahhabismo foi Muhammad ibn Abd al-Wahhab (1703-1792), que pretendia “expurgar” do islamismo tudo aquilo que ele considerava “desviado” ou “herético”, como a aceitação da influência de outras culturas, como a da filosofia grega. 

Por ser de orientação sunita, Wahhab também via com maus olhos o xiismo, isto é, o seguimento islâmico daqueles que se julgam herdeiros diretos da família de Maomé. A ânsia pela “purificação” do islã e pela imposição de um “padrão correto” de comportamento e interpretação da doutrina conduziu o wahhabismo ao fundamentalismo e à intolerância extremada.

Esse fundamentalismo foi, aos poucos, legitimado com a formação da dinastia saudita, no século XVIII, e institucionalizado pelo Reino da Arábia Saudita, formado em 1932. O fundador da dinastia saudita, Muhammad bin Saud, incorporou em suas perspectivas políticas as ideias radicais de Wahhab. 

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1919, o Império turco-otomano, que dominava grandes porções de terra, incluindo a Península Arábica, esfacelou-se. No início da década de vinte, a dinastia saudita começou o seu processo de expansão. 

Abdul Aziz Ibn Saud, líder saudita à época, perpetrou a invasão e a submissão do Reino de Hijaz (que era contrário ao radicalismo wahhabita) em 1925. Com a queda de Hijaz, a expansão completou-se, e o Reino da Arábia Saudita, permeado pelo wahhabismo, foi implementado na península.

Ao longo do século XX, o wahhabismo saudita deu amplo apoio a organizações radicais de viés terrorista, como o Talebã, por associar a administração estatal à Lei Islâmica, ou Sharia, e por perpetrar reformas nas cidades tradicionais da Arábia que formam o seio do islamismo. 

Essas reformas caracterizam-se pela desfiguração, quando não destruição completa, das construções tradicionais do islã, como os mausoléus onde ficavam os parentes de Maomé; a mesquita de Fatimah Al-Zahra, a filha de Maomé; o cemitério de Al-Ma' ala, em Meca, e o de Al-Baqi, em Medina, que foram inteiramente dinamitados.

Essa destruição do patrimônio histórico da própria tradição islâmica foi e ainda é empreendida como forma de impedimento das peregrinações “não ortodoxas” que eram feitas aos túmulos por outros segmentos do islamismo. 

A postura que membros do Talebã assumem, no Afeganistão, de, por exemplo, destruírem estátuas de Buda ou a postura que o Estado Islâmico adota, no Iraque e na Síria, de saquear e demolir museus com artefatos da Antiga Mesopotâmia são reflexos dessa perspectiva wahhabita.


Por Cláudio Fernandes 
Mundo Educação/ UOL 
Imagem de Meca

A história do islamismo, sobretudo após a morte de seu fundador, o profeta Maomé (ou Mohamed), é permeada por conflitos relacionados com a interpretação das doutrinas e a herança político-religiosa.

 Os segmentos facciosos tradicionais observados entre sunitas e xiitas, ao longo dos séculos, dão testemunho desses conflitos, sem contar outros seguimentos também tradicionais, como o dos alauítas.

No entanto, a partir do século XVIII, mas, sobretudo, ao longo do século XX e, agora, no século XXI, algumas facções islâmicas passaram a apresentar uma radicalização extrema. Grupos terroristas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda são expressões desse radicalismo. Ambos têm sua raiz em uma seita chamada Wahhabismo, cuja origem remete à formação da Arábia Saudita.

O fundador do wahhabismo foi Muhammad ibn Abd al-Wahhab (1703-1792), que pretendia “expurgar” do islamismo tudo aquilo que ele considerava “desviado” ou “herético”, como a aceitação da influência de outras culturas, como a da filosofia grega. 

Por ser de orientação sunita, Wahhab também via com maus olhos o xiismo, isto é, o seguimento islâmico daqueles que se julgam herdeiros diretos da família de Maomé. A ânsia pela “purificação” do islã e pela imposição de um “padrão correto” de comportamento e interpretação da doutrina conduziu o wahhabismo ao fundamentalismo e à intolerância extremada.

Esse fundamentalismo foi, aos poucos, legitimado com a formação da dinastia saudita, no século XVIII, e institucionalizado pelo Reino da Arábia Saudita, formado em 1932. O fundador da dinastia saudita, Muhammad bin Saud, incorporou em suas perspectivas políticas as ideias radicais de Wahhab. 

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1919, o Império turco-otomano, que dominava grandes porções de terra, incluindo a Península Arábica, esfacelou-se. No início da década de vinte, a dinastia saudita começou o seu processo de expansão. 

Abdul Aziz Ibn Saud, líder saudita à época, perpetrou a invasão e a submissão do Reino de Hijaz (que era contrário ao radicalismo wahhabita) em 1925. Com a queda de Hijaz, a expansão completou-se, e o Reino da Arábia Saudita, permeado pelo wahhabismo, foi implementado na península.

Ao longo do século XX, o wahhabismo saudita deu amplo apoio a organizações radicais de viés terrorista, como o Talebã, por associar a administração estatal à Lei Islâmica, ou Sharia, e por perpetrar reformas nas cidades tradicionais da Arábia que formam o seio do islamismo. 

Essas reformas caracterizam-se pela desfiguração, quando não destruição completa, das construções tradicionais do islã, como os mausoléus onde ficavam os parentes de Maomé; a mesquita de Fatimah Al-Zahra, a filha de Maomé; o cemitério de Al-Ma' ala, em Meca, e o de Al-Baqi, em Medina, que foram inteiramente dinamitados.

Essa destruição do patrimônio histórico da própria tradição islâmica foi e ainda é empreendida como forma de impedimento das peregrinações “não ortodoxas” que eram feitas aos túmulos por outros segmentos do islamismo. 

A postura que membros do Talebã assumem, no Afeganistão, de, por exemplo, destruírem estátuas de Buda ou a postura que o Estado Islâmico adota, no Iraque e na Síria, de saquear e demolir museus com artefatos da Antiga Mesopotâmia são reflexos dessa perspectiva wahhabita.