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O nazismo era de esquerda ou de direita?

01 de Abril de 2019

Por Daniel Neves Silva/ Brasil Escola 
Imagens: Shutterstock

Nos últimos anos, um debate tem ocupado muito espaço quando o assunto é nazismo: esse movimento era de direita ou de esquerda? 

A intenção deste texto é levantar algumas questões referentes aos fatos históricos e ao debate que existe sobre o tema entre os historiadores como forma de trazer esclarecimento sobre o assunto. 

O nazismo era de esquerda ou de direita?

O consenso acadêmico, ou seja, o consenso entre os historiadores, é de que o nazismo era um movimento localizado na direita do espectro político. 

A argumentação dos historiadores utiliza a análise do discurso do próprio Hitler e da ideologia do Partido Nazista, bem como dos fatos históricos e dos grupos de apoio aos nazistas, que eram grupos políticos e paramilitares de direita.

Afirmar que o nazismo era um regime da extrema-direita não significar negar que existiram movimentos ditatoriais da extrema-esquerda, como foi o caso do governo de Stalin, na União Soviética, ou de Pol Pot, no Camboja.

No caso do nazismo, a conceituação vigente entre os maiores historiadores do mundo é de que se tratava de um regime de extrema-direita, pois, como mencionado, a sustentação do partido ocorreu por meio do apoio de grupos conservadores e paramilitares da direita alemã. 

Com uma análise minuciada das características do Partido Nazista, é possível identificar melhor essas questões.

Uma característica central da ideologia nazista eram os ataques ao marxismo e ao comunismo soviético. 

O desprezo ao comunismo era um elemento central da ideologia nazista. 

O temor ao comunismo, inclusive, é levantado pelos historiadores como um dos fatores que alavancaram o nazismo na Alemanha.

Na Alemanha durante as décadas de 1910 e 1920, as ideias comunistas eram muito influentes e possuíam muitos adeptos. 

A respeito dessa questão, o historiador Ian Kershaw menciona o fato de que os escritos de Hitler denotavam que ele não havia estudado marxismo e ainda que Hitler almejava ser o destruidor do marxismo.

O resultado dessa busca de Hitler pela destruição do marxismo, representado no comunismo soviético, deu origem a uma geração de alemães que, a partir de uma extensa doutrinação, via no comunismo e nos judeus duas coisas que deveriam ser destruídas, como evidencia o historiador Max Hastings.

O antimarxismo dos nazistas ecoava em parcela com o antissemitismo. 

Isso se explica pelo fato de que os nazistas acreditavam que o comunismo soviético era parte de um plano dos judeus de dominação internacional. 

Essa ideia conspiracionista em relação aos judeus foi fortemente influenciada na época por uma publicação anônima chamada Os Protocolos dos Sábios de Sião.

No caso do antimarxismo, podemos citar também os freikorps, os grupos paramilitares que apoiavam o nazismo durante a década de 1920 e promoviam ataques contra os seus opositores ideológicos. 

Assim, foram comuns casos de grupos paramilitares que perseguiam e agrediam social-democratas (centro-esquerda) e marxistas/comunistas (esquerda).

O nazismo era liberal ou antiliberal?

Na questão da economia, há muita confusão, sobretudo pelo fato de o nazismo ter sido um partido antiliberal. 

Isso porque Hitler só aceitava uma economia capitalista que estivesse sob o poder do Estado, negando que o desenvolvimento capitalista acontecesse no livre mercado. 

De toda forma, o direito à propriedade privada era garantido dentro do Estado nazista e, conforme pontua Ian Kershaw, Hitler distinguia “capital industrial” de “capital financeiro”. 

O primeiro era visto de maneira positiva, e o segundo, de maneira negativa, uma vez que estava supostamente nas mãos dos judeus, o grupo visto como o responsável por todo o mal que a sociedade alemã enfrentava.

Por que Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães?

Outro ponto importante está na confusão acerca do nome do partido: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. 

Essa nomenclatura fazia parte da propaganda do partido para atrair pessoas. 
Nesse sentido, utilizavam-se termos de dois movimentos bastante populares à época: o nacionalismo e o socialismo. 

Ambos os movimentos tinham inúmeros adeptos na Alemanha da época.

Até as cores do partido foram pensadas por Hitler como forma de atrair pessoas para o nazismo. 

Esse tipo de propagandismo a partir da nomenclatura foi utilizado por outros partidos ao longo da história. 

Um exemplo que é amplamente considerado atualmente é o caso da República Democrática da Coreia ou, simplesmente, Coreia do Norte, que, apesar do nome, sabemos que não tem nada de democrática.

Por fim, é importante especificar que esse debate de o nazismo ser de esquerda não existe entre os meios acadêmicos, uma vez que a sua legitimidade nos fatos históricos não é comprovada pelos estudos feitos sobre o tema.

O que era o nazismo?

O nazismo foi um partido político que surgiu na Alemanha em 1920 e que ascendeu rapidamente ao poder aproveitando-se do desespero da sociedade alemã, que estava arrasada em consequência da Primeira Guerra Mundial e da Grande Depressão.

Os nazistas conseguiram chegar ao poder em 1933 e iniciaram um regime totalitário que levou a Alemanha à Segunda Guerra Mundial e a cometer o maior genocídio da humanidade: o holocausto.

O partido nazista é fruto de ideais que estavam em evidência na sociedade alemã desde o século XIX e que ganharam nova dimensão após a Primeira Guerra Mundial. 

No século XIX, a região que corresponde à Alemanha sofreu o seu processo de unificação (surgimento do Estado Nacional Moderno da Alemanha) em torno de fortes ideais nacionalistas. Esse processo foi conduzido por Otto von Bismarck. 

O nacionalismo exacerbado que existia na sociedade alemã era acompanhado por tendências xenofóbicas (desprezo pelo estrangeiro) que se voltavam contra outros povos (como os poloneses) e pelo antissemitismo (aversão aos judeus).

Esses ideais escoravam-se em ideologias da época baseadas no darwinismo social que procuravam comprovar cientificamente a “superioridade” de determinados povos em relação a outros. 

No caso do alemão, desenvolveu-se um ideal em torno do “nórdico” ou “ariano” como povo superior. 

Esse ideal de superioridade era acompanhado de um ideal de império em que os alemães formariam um “espaço vital”, uma espécie de mito rural em que os alemães ocupariam um vasto território e viveriam à custa do trabalho dos eslavos.

Além do nacionalismo extremo, da xenofobia e do antissemitismo, a sociedade alemã também reproduzia outros ideais, como a exaltação da guerra como forma de alcançar o desenvolvimento e o apreço por uma liderança forte. 

Todos esses valores foram levados para o século XX e exportados aos movimentos extremistas da década de 1920, quando a sociedade alemã estava à beira do colapso.

O surgimento do nazismo está diretamente relacionado com o cenário da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial. 

O fim desse conflito foi marcado pela rendição da Alemanha e pela resignação das lideranças do país em assumir a total responsabilidade pelo conflito. 

Isso foi enxergado por uma parte considerável da sociedade alemã como uma traição, e a rendição do país foi vista de uma maneira conspiratória, isto é, elementos da sociedade passaram a acreditar que a rendição da Alemanha havia sido fruto de uma conspiração.

Para agravar a situação, a Alemanha encarou a pior crise econômica da sua história nas décadas de 1920 e 1930 por conta da derrota na guerra e da Crise de 1929 (Grande Depressão). 

A crise econômica fez com que a moeda alemã sofresse uma desvalorização brutal e o desemprego disparasse e alcançasse quase a metade da população em idade ativa.

Foi dentro desse contexto que o nazismo ganhou força. 

O partido surgiu oficialmente em 1920 com o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (em alemão, o nome do partido era Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, com sigla NSDAP). 

Hitler esteve envolvido com o surgimento do partido na data citada e ajudou na elaboração do programa do partido.

Aos poucos, Hitler foi ganhando mais importância na popularização dos nazistas, principalmente por sua excelente oratória, que chamava a atenção das pessoas.

Ele se tornou líder do partido nazista em 1921 e foi figura central no fortalecimento do nazismo ao longo da década de 1920, conseguindo chegar ao poder da Alemanha em 1933.

Referencial teórico utilizado:

EVANS, Richard J. A chegada do Terceiro Reich. São Paulo: Planeta, 2016.

EVANS, Richard J. O Terceiro Reich no poder. São Paulo: Planeta, 2014.

GOLDHAGEN, Daniel Jonah. Os carrascos voluntários de Hitler: o povo alemão e o Holocausto. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

KERSHAW, Ian. Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

RICHARD, Lionel. A República de Weimar 1919-1933. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.


Por Daniel Neves Silva/ Brasil Escola 
Imagens: Shutterstock

Nos últimos anos, um debate tem ocupado muito espaço quando o assunto é nazismo: esse movimento era de direita ou de esquerda? 

A intenção deste texto é levantar algumas questões referentes aos fatos históricos e ao debate que existe sobre o tema entre os historiadores como forma de trazer esclarecimento sobre o assunto. 

O nazismo era de esquerda ou de direita?

O consenso acadêmico, ou seja, o consenso entre os historiadores, é de que o nazismo era um movimento localizado na direita do espectro político. 

A argumentação dos historiadores utiliza a análise do discurso do próprio Hitler e da ideologia do Partido Nazista, bem como dos fatos históricos e dos grupos de apoio aos nazistas, que eram grupos políticos e paramilitares de direita.

Afirmar que o nazismo era um regime da extrema-direita não significar negar que existiram movimentos ditatoriais da extrema-esquerda, como foi o caso do governo de Stalin, na União Soviética, ou de Pol Pot, no Camboja.

No caso do nazismo, a conceituação vigente entre os maiores historiadores do mundo é de que se tratava de um regime de extrema-direita, pois, como mencionado, a sustentação do partido ocorreu por meio do apoio de grupos conservadores e paramilitares da direita alemã. 

Com uma análise minuciada das características do Partido Nazista, é possível identificar melhor essas questões.

Uma característica central da ideologia nazista eram os ataques ao marxismo e ao comunismo soviético. 

O desprezo ao comunismo era um elemento central da ideologia nazista. 

O temor ao comunismo, inclusive, é levantado pelos historiadores como um dos fatores que alavancaram o nazismo na Alemanha.

Na Alemanha durante as décadas de 1910 e 1920, as ideias comunistas eram muito influentes e possuíam muitos adeptos. 

A respeito dessa questão, o historiador Ian Kershaw menciona o fato de que os escritos de Hitler denotavam que ele não havia estudado marxismo e ainda que Hitler almejava ser o destruidor do marxismo.

O resultado dessa busca de Hitler pela destruição do marxismo, representado no comunismo soviético, deu origem a uma geração de alemães que, a partir de uma extensa doutrinação, via no comunismo e nos judeus duas coisas que deveriam ser destruídas, como evidencia o historiador Max Hastings.

O antimarxismo dos nazistas ecoava em parcela com o antissemitismo. 

Isso se explica pelo fato de que os nazistas acreditavam que o comunismo soviético era parte de um plano dos judeus de dominação internacional. 

Essa ideia conspiracionista em relação aos judeus foi fortemente influenciada na época por uma publicação anônima chamada Os Protocolos dos Sábios de Sião.

No caso do antimarxismo, podemos citar também os freikorps, os grupos paramilitares que apoiavam o nazismo durante a década de 1920 e promoviam ataques contra os seus opositores ideológicos. 

Assim, foram comuns casos de grupos paramilitares que perseguiam e agrediam social-democratas (centro-esquerda) e marxistas/comunistas (esquerda).

O nazismo era liberal ou antiliberal?

Na questão da economia, há muita confusão, sobretudo pelo fato de o nazismo ter sido um partido antiliberal. 

Isso porque Hitler só aceitava uma economia capitalista que estivesse sob o poder do Estado, negando que o desenvolvimento capitalista acontecesse no livre mercado. 

De toda forma, o direito à propriedade privada era garantido dentro do Estado nazista e, conforme pontua Ian Kershaw, Hitler distinguia “capital industrial” de “capital financeiro”. 

O primeiro era visto de maneira positiva, e o segundo, de maneira negativa, uma vez que estava supostamente nas mãos dos judeus, o grupo visto como o responsável por todo o mal que a sociedade alemã enfrentava.

Por que Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães?

Outro ponto importante está na confusão acerca do nome do partido: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. 

Essa nomenclatura fazia parte da propaganda do partido para atrair pessoas. 
Nesse sentido, utilizavam-se termos de dois movimentos bastante populares à época: o nacionalismo e o socialismo. 

Ambos os movimentos tinham inúmeros adeptos na Alemanha da época.

Até as cores do partido foram pensadas por Hitler como forma de atrair pessoas para o nazismo. 

Esse tipo de propagandismo a partir da nomenclatura foi utilizado por outros partidos ao longo da história. 

Um exemplo que é amplamente considerado atualmente é o caso da República Democrática da Coreia ou, simplesmente, Coreia do Norte, que, apesar do nome, sabemos que não tem nada de democrática.

Por fim, é importante especificar que esse debate de o nazismo ser de esquerda não existe entre os meios acadêmicos, uma vez que a sua legitimidade nos fatos históricos não é comprovada pelos estudos feitos sobre o tema.

O que era o nazismo?

O nazismo foi um partido político que surgiu na Alemanha em 1920 e que ascendeu rapidamente ao poder aproveitando-se do desespero da sociedade alemã, que estava arrasada em consequência da Primeira Guerra Mundial e da Grande Depressão.

Os nazistas conseguiram chegar ao poder em 1933 e iniciaram um regime totalitário que levou a Alemanha à Segunda Guerra Mundial e a cometer o maior genocídio da humanidade: o holocausto.

O partido nazista é fruto de ideais que estavam em evidência na sociedade alemã desde o século XIX e que ganharam nova dimensão após a Primeira Guerra Mundial. 

No século XIX, a região que corresponde à Alemanha sofreu o seu processo de unificação (surgimento do Estado Nacional Moderno da Alemanha) em torno de fortes ideais nacionalistas. Esse processo foi conduzido por Otto von Bismarck. 

O nacionalismo exacerbado que existia na sociedade alemã era acompanhado por tendências xenofóbicas (desprezo pelo estrangeiro) que se voltavam contra outros povos (como os poloneses) e pelo antissemitismo (aversão aos judeus).

Esses ideais escoravam-se em ideologias da época baseadas no darwinismo social que procuravam comprovar cientificamente a “superioridade” de determinados povos em relação a outros. 

No caso do alemão, desenvolveu-se um ideal em torno do “nórdico” ou “ariano” como povo superior. 

Esse ideal de superioridade era acompanhado de um ideal de império em que os alemães formariam um “espaço vital”, uma espécie de mito rural em que os alemães ocupariam um vasto território e viveriam à custa do trabalho dos eslavos.

Além do nacionalismo extremo, da xenofobia e do antissemitismo, a sociedade alemã também reproduzia outros ideais, como a exaltação da guerra como forma de alcançar o desenvolvimento e o apreço por uma liderança forte. 

Todos esses valores foram levados para o século XX e exportados aos movimentos extremistas da década de 1920, quando a sociedade alemã estava à beira do colapso.

O surgimento do nazismo está diretamente relacionado com o cenário da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial. 

O fim desse conflito foi marcado pela rendição da Alemanha e pela resignação das lideranças do país em assumir a total responsabilidade pelo conflito. 

Isso foi enxergado por uma parte considerável da sociedade alemã como uma traição, e a rendição do país foi vista de uma maneira conspiratória, isto é, elementos da sociedade passaram a acreditar que a rendição da Alemanha havia sido fruto de uma conspiração.

Para agravar a situação, a Alemanha encarou a pior crise econômica da sua história nas décadas de 1920 e 1930 por conta da derrota na guerra e da Crise de 1929 (Grande Depressão). 

A crise econômica fez com que a moeda alemã sofresse uma desvalorização brutal e o desemprego disparasse e alcançasse quase a metade da população em idade ativa.

Foi dentro desse contexto que o nazismo ganhou força. 

O partido surgiu oficialmente em 1920 com o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (em alemão, o nome do partido era Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, com sigla NSDAP). 

Hitler esteve envolvido com o surgimento do partido na data citada e ajudou na elaboração do programa do partido.

Aos poucos, Hitler foi ganhando mais importância na popularização dos nazistas, principalmente por sua excelente oratória, que chamava a atenção das pessoas.

Ele se tornou líder do partido nazista em 1921 e foi figura central no fortalecimento do nazismo ao longo da década de 1920, conseguindo chegar ao poder da Alemanha em 1933.

Referencial teórico utilizado:

EVANS, Richard J. A chegada do Terceiro Reich. São Paulo: Planeta, 2016.

EVANS, Richard J. O Terceiro Reich no poder. São Paulo: Planeta, 2014.

GOLDHAGEN, Daniel Jonah. Os carrascos voluntários de Hitler: o povo alemão e o Holocausto. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

KERSHAW, Ian. Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

RICHARD, Lionel. A República de Weimar 1919-1933. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.