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Arcaísmo

29 de Novembro de 2019

Por: Luana Castro Alves Perez
www.portugues.com.br

O arcaísmo consiste no emprego de palavras ou expressões cuja utilização seja menos frequente na modalidade escrita e na modalidade oral.

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

O poema que você leu agora é de autoria de Olavo Bilac, considerado nosso mais importante poeta parnasiano. Como você deve ter percebido, em uma leitura rápida e displicente, provavelmente não é possível compreender integralmente os versos do poeta, pois uma das principais características da poesia parnasiana é justamente o cuidado com o vernáculo, dele extraindo vocábulos eruditos e de difícil compreensão. Se àquela época o vocabulário de Bilac era considerado rebuscado, imagine agora!

Observe as palavras: ganga, tuba, clangor, trom, silvo, procela, arrolo. Você é capaz de compreender, sem o auxílio de um dicionário, o significado delas? Se a sua resposta for não, não se preocupe, pois as palavras acima são consideradas exemplos de arcaísmos — palavras ou expressões que saem de uso e, por esse motivo, acabam esquecidas por uma comunidade linguística. 

Claro que, por serem consideradas exemplos de arcaísmo, não serão eliminadas do dicionário, já que ainda há aqueles que recorrem ao uso desses vocábulos, especialmente os escritores e falantes mais conservadores, os chamados puristas da língua, esta “Última flor do Lácio, inculta e bela”, metáfora empregada por Bilac para referir-se ao nosso idioma.

Os arcaísmos são o oposto do neologismo e estão na contramão do movimento criador de palavras, já que nossa língua, por ser objeto de constante transformação, carece de uma renovação lexical. Esse movimento é natural e não tem como objetivo descaracterizar o idioma; seu objetivo é adequá-lo a uma nova realidade linguística. 

Os arcaísmos podem ser classificados como linguísticos ou literários. Os arcaísmos linguísticos são encontrados no uso da língua em determinado local, onde há traços fonéticos, morfológicos, sintáticos e léxicos que são conservadores e antigos na língua. Já os arcaísmos literários são observados nas obras literárias e são empregados, quando do uso proposital, para conferir rebuscamento e imponência, ou até mesmo como um recurso estilístico para imprimir ironia. 

Vale ressaltar que os arcaísmos presentes em textos antigos não podem ser considerados como propositais por se tratarem de expressões em corrente uso na época em que foram escritos.

Considerando o conceito de mutabilidade da língua, é interessante observarmos que palavras que hoje são usuais incorrem na possibilidade de tornarem-se arcaísmos em um futuro não muito distante. 

Nós, falantes da língua portuguesa, somos responsáveis pela evolução da língua e nossas escolhas vocabulares serão decisivas para a permanência ou exclusão de uma determinada palavra da modalidade oral. 
Observe alguns exemplos de palavras que fatalmente cairão em desuso em virtude da diminuição de suas ocorrências:

A mesóclise do pronome oblíquo (far-se-á, levantar-nos-emos);

O pretérito mais-que-perfeito (amara, fizera, partira);

Verbos flexionados no futuro do indicativo estão sendo cada vez mais substituídos por locuções verbais equivalentes. Exemplo: O jornalista escreverá um texto. → O jornalista vai escrever um texto. (É importante ressaltar que o exemplo refere-se especialmente ao uso do futuro do indicativo na modalidade oral).

Quer conhecer um exemplo de arcaísmo literário feito de maneira proposital, utilizado para conferir ironia e humor a um texto? Clique neste link e decifre as incógnitas!

O arcaísmo é o oposto do neologismo e consiste no emprego de palavras e expressões que estão fora do uso frequente


Por: Luana Castro Alves Perez
www.portugues.com.br

O arcaísmo consiste no emprego de palavras ou expressões cuja utilização seja menos frequente na modalidade escrita e na modalidade oral.

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

O poema que você leu agora é de autoria de Olavo Bilac, considerado nosso mais importante poeta parnasiano. Como você deve ter percebido, em uma leitura rápida e displicente, provavelmente não é possível compreender integralmente os versos do poeta, pois uma das principais características da poesia parnasiana é justamente o cuidado com o vernáculo, dele extraindo vocábulos eruditos e de difícil compreensão. Se àquela época o vocabulário de Bilac era considerado rebuscado, imagine agora!

Observe as palavras: ganga, tuba, clangor, trom, silvo, procela, arrolo. Você é capaz de compreender, sem o auxílio de um dicionário, o significado delas? Se a sua resposta for não, não se preocupe, pois as palavras acima são consideradas exemplos de arcaísmos — palavras ou expressões que saem de uso e, por esse motivo, acabam esquecidas por uma comunidade linguística. 

Claro que, por serem consideradas exemplos de arcaísmo, não serão eliminadas do dicionário, já que ainda há aqueles que recorrem ao uso desses vocábulos, especialmente os escritores e falantes mais conservadores, os chamados puristas da língua, esta “Última flor do Lácio, inculta e bela”, metáfora empregada por Bilac para referir-se ao nosso idioma.

Os arcaísmos são o oposto do neologismo e estão na contramão do movimento criador de palavras, já que nossa língua, por ser objeto de constante transformação, carece de uma renovação lexical. Esse movimento é natural e não tem como objetivo descaracterizar o idioma; seu objetivo é adequá-lo a uma nova realidade linguística. 

Os arcaísmos podem ser classificados como linguísticos ou literários. Os arcaísmos linguísticos são encontrados no uso da língua em determinado local, onde há traços fonéticos, morfológicos, sintáticos e léxicos que são conservadores e antigos na língua. Já os arcaísmos literários são observados nas obras literárias e são empregados, quando do uso proposital, para conferir rebuscamento e imponência, ou até mesmo como um recurso estilístico para imprimir ironia. 

Vale ressaltar que os arcaísmos presentes em textos antigos não podem ser considerados como propositais por se tratarem de expressões em corrente uso na época em que foram escritos.

Considerando o conceito de mutabilidade da língua, é interessante observarmos que palavras que hoje são usuais incorrem na possibilidade de tornarem-se arcaísmos em um futuro não muito distante. 

Nós, falantes da língua portuguesa, somos responsáveis pela evolução da língua e nossas escolhas vocabulares serão decisivas para a permanência ou exclusão de uma determinada palavra da modalidade oral. 
Observe alguns exemplos de palavras que fatalmente cairão em desuso em virtude da diminuição de suas ocorrências:

A mesóclise do pronome oblíquo (far-se-á, levantar-nos-emos);

O pretérito mais-que-perfeito (amara, fizera, partira);

Verbos flexionados no futuro do indicativo estão sendo cada vez mais substituídos por locuções verbais equivalentes. Exemplo: O jornalista escreverá um texto. → O jornalista vai escrever um texto. (É importante ressaltar que o exemplo refere-se especialmente ao uso do futuro do indicativo na modalidade oral).

Quer conhecer um exemplo de arcaísmo literário feito de maneira proposital, utilizado para conferir ironia e humor a um texto? Clique neste link e decifre as incógnitas!

O arcaísmo é o oposto do neologismo e consiste no emprego de palavras e expressões que estão fora do uso frequente