O que o vestibulando tem que saber sobre maio de 1968?

O que o vestibulando tem que saber sobre maio de 1968?

Em 2018 comemora-se os 50 anos dos protestos de maio de 1968, e a matéria é uma das que possivelmente cairá no vestibular. Para orientar o vestibulando a respeito, deixando-o afiado para a prova, o Blog do Bixo consultou o professor de história Victor Rysovas, mestre em educação pela Unicamp e docente da Oficina.

“FOI UM MOVIMENTO MUITO IMPORTANTE PARA O MUNDO OCIDENTAL PORQUE CONTESTOU E RESSIGNIFICOU VALORES QUE A SOCIEDADE TINHA. OS JOVENS OLHAVAM PARA A GERAÇÃO DOS PAIS E ESCOLHERAM NÃO SER COMO ELES, QUESTIONANDO COSTUMES E PADRÕES CULTURAIS”, afirma o professor (entre esses padrões, homens tinham que ter cabelo curto; mulheres tinham que buscar casamento; a escolha da profissão tinha que passar pelo crivo da família, e não ser uma opção legítima do jovem; os casais não podiam se divorciar – entre outros exemplos).

Início

A onda de protestos começou em 2 de maio de 1968, com uma manifestação dos estudantes da Universidade de Paris, pedindo mudanças no setor educacional.

 “Eles se sentiam oprimidos por um sistema que os obrigava à excelência, sendo que, quando chegassem ao mercado de trabalho, o que encontrariam era decepcionante”, declara Rysovas.

“Os jovens olhavam para os pais, operários, e percebiam que os pais estavam infelizes no trabalho, e não queriam isso pra eles. Queriam ser felizes, realizados”, exemplifica o docente.

O movimento cresceu, ganhou a simpatia dos trabalhadores e evoluiu para a que foi considerada a maior greve geral da Europa (9 milhões de pessoas). A paralisação abalou os alicerces do governo de Charles De Gaulle, general que era presidente e que renunciou em 1969.

Pelo mundo

Em 1968, nos Estados Unidos, o movimento hippie fazia os mesmos questionamentos dos jovens franceses – mas, em relação ao status quo americano. Soma-se a isso, a luta pelos direitos civis, encabeçada por nomes Malcom X, os Panteras Negras e Martin Luther King Jr. (assassinado, inclusive, em 1968) e a Guerra do Vietnã.

No Brasil, o endurecimento da Ditadura e a restrição ainda maior dos direitos civis culminou com o Movimento Tropicalista (de artistas como Caetano, Gil, Gal e Tom Zé) e com o exílio forçado ou voluntário dos que se opunham ao regime militar.

Frutos

Cinquenta anos depois, bandeiras levantadas durante o movimento de 1968, como algumas da feminista Simone de Beauvoir, já foram conquistadas – tais como o direito ao divórcio e o uso da minissaia, perpassando pelo surgimento da pílula anticoncepcional ao longo da década de 1960 no Ocidente e em 1968 na França, que permitiu liberdade sexual às mulheres. “OBVIAMENTE, MUITAS OUTRAS REIVINDICAÇÕES QUE AINDA NÃO FORAM CONQUISTADAS AINDA ESTÃO EM CURSO”, acrescenta Rysovas.

Paralelo

Outro aspecto interessante que o professor destaca é que – tanto em 1968 como atualmente – os jovens vivem uma crise de ‘identidade’: “naquela época, eles não estavam contentes com a cultura estabelecida. Hoje, sofrem de uma ‘crise’ de utopia, com a falência do socialismo de outras ideologias, não gostamos do mundo em que vivemos, mas qual a alternativa a ele?”.


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