Vacinas: a produção e o funcionamento no organismo
André Bourg, professor de Biologia do Curso e Colégio Oficina do Estudante, está aqui para explicar sobre vacinas! Vamos lá?
“Para começar, o que é o sistema imune? É o sistema do nosso organismo que tem a capacidade de reconhecer partículas, vírus, bactérias ou qualquer outro agente que não pertence ao nosso corpo. E ele consegue desenvolver o quê? Anticorpos específicos contra essas partículas, proteínas, vírus e bactérias.
O mais legal de tudo é que, além de desenvolver o anticorpo, que inibe a infecção, ele consegue desenvolver também células de memória. É por isso que, quando tomamos uma vacina, ficamos imunizados por muito tempo. Não porque teremos quantidades de anticorpos, mas sim porque, numa segunda infecção, caso um de nós entre em contato com essa doença, o que irá acontecer? As células de memória vão produzir anticorpos de maneira eficiente e muito rápida.
Muitas vezes, a gente não percebeu que teve contato com a doença. É o caso da Covid: a doença está por aí, mas como a grande maioria da população já está vacinada, o nosso sistema imune reconhece. Embora você possa até entrar em contato com uma nova partícula viral, o seu sistema imune já desenvolveu rapidamente anticorpos e você tem uma partícula completamente eliminada, ou seja, apesar do micro-organismo ter entrado no seu corpo, você não desenvolveu a doença.
Agora falando um pouquinho sobre vacinas. Vacina é algo que existe há bastante tempo e é uma das grandes descobertas da Medicina. A quantidade de pessoas no Brasil e no mundo é decorrente tanto da aplicação das vacinas quanto da utilização de antibióticos para combater e até erradicar determinadas doenças. Hoje, em geral, existem quase cinco grupos de vacinas diferentes:
– Vacina mais comum – vírus atenuado: caxumba, sarampo, rubéola, ou seja, um vírus é selecionado e atenuado até perder sua capacidade de desenvolver a doença e é injetado esse vírus atenuado na pessoa. Ela irá reconhecer esse vírus, vai desenvolver anticorpos e células de memória, ou seja, a maioria das pessoas, pelo resto da vida, você não irá mais desenvolver essa doença. Por que? Porque já tem anticorpos e células de memória.
– Vírus inativado: utilização de vírus morto mesmo, ou seja, e, ao aplicar a vacina – que terá partes do vírus, o corpo da pessoa imunizada já irá reconhecer.
– Eu tenho subunidades, ou pedaços / proteínas, ou seja, é possível produzir em laboratório pequenos pedaços idênticos ao vírus ou a bactéria. e aí, Estes pedaços são reconhecidos, pelo corpo do imunizado, como sendo antígenos, ou seja, invasores do meu corpo, ao pé da letra. Posteriormente, ele produz os anticorpos e células de memória contra esses vírus, por exemplo, doenças como Hepatite B, HPV e coqueluche.
Vetor viral: utilizado um vírus diferente. É tirado o DNA do vírus patogênico e colocado um outro vírus dentro que não causa nada, mas é também uma estimulação.
Atualmente, temos as vacinas genéticas de DNA e de RNA. Apesar de recentes, foram testadas, aprovadas e são consideradas seguras por vários órgãos governamentais.
A vacina de RNA foi muito falada agora, na época da COVID, porque é utilizada uma tecnologia relativamente nova, embora seja muito, muito promissora com relação à imunização.
Porque o que seria o RNA? Você coloca um RNA mensageiro / RNA material genético, que tem uma informação escrita numa linguagem. Quando você injeta esse RNA mensageiro, as nossas células têm capacidade de absorver esse RNA mensageiro e produzir a proteína daquela mensagem, ou seja, vou produzir a proteína do próprio vírus ou da própria bactéria.
O meu corpo pode não reconhecer essa proteína / essa bactéria mesmo sendo o próprio produtor e isso não impacta, já que não absorvemos esse RNA mensageiro, isso é muito legal. Ele vai produzir a proteína e, depois de um tempo, o próprio corpo vai desmontar esse RNA universal, ou ele já desmontou esse RNA, e essa informação acabou se perdendo e vamos produzir anticorpos e células de memória contra essas proteínas dos vírus.
Por que a gente fala que isso é inovador? É muito demorado encontrar formas seguras e eficientes de desenvolver um vírus atenuado, de você matar um vírus e ter certeza que ele está morto, de você achar no sequenciamento genético de um vírus exatamente a proteína que estimula o nosso sistema imune. Pensando nisso, a vacina de RNA tem algumas vantagens, porque ela pode acelerar muito os processos.
Hoje conseguimos produzir vacinas de RNA, pelo menos, em testes, com poucas informações. Ou seja, num novo possível surto, a segurança que teremos e a velocidade de produção de vacinas com vacinas de RNA é muito mais rápida, a gente consegue produzir em larga escala. E como um RNA é universal, já que todos nós temos, é mais fácil produzir e muito mais seguro produzir dentro do meu organismo do que colocar uma partícula viral.
E só para relembrar, a partir do momento em que eu tenho vacina de RNA, a cada mutação / cada adaptação que esses vírus podem sofrer, acho que todo mundo está a par com a história da COVID, que esses vírus podem sofrer mutações e grandes adaptações. Se eu tiver essa tecnologia pronta, a velocidade de transformação e de modificar essa vacina para essa nova cepa do vírus é muito fácil. Então, é uma vacina bem promissora”.
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