Disputas por fontes de água que já são realidade no mundo
Disputas por fontes de água que já são realidade no mundo
A disputa pelo controle de rios e bacias hidrográficas transnacionais eleva a tensão em diversas partes do planeta
Por Fabio Sasaki
Guia do Estudante
À medida que um bem tão essencial para a vida humana começa a se esgotar, as disputas por suas fontes se intensificam.
O maior foco de tensão é a exploração de rios e bacias hidrográficas que se espalham pelos territórios de diferentes países.
Quais nações têm direito ao controle dessas águas?
Qual é a forma mais justa de compartilhar os recursos hídricos?
Como não há resposta simples a estas perguntas, as disputas envolvendo o controle de reservas hídricas já estão se tornando uma realidade em diversos lugares do mundo.
O tema vem ganhando relevância nos últimos anos e é cobrado pelos principais vestibulares.
Confira a seguir, quatro casos para você ficar atento nos seus estudos.
Disputas por fontes de água no mundo
Bacia do Nilo, na África
Países envolvidos:
– Egito
– Sudão
– Sudão do Sul
– República Democrática do Congo
– Etiópia
– Quênia
– Uganda
– Tanzânia
– Ruanda
– Burundi
O Nilo é o rio mais longo do planeta, com mais de 7 mil quilômetros de extensão.
E o fato de cruzar um continente onde a escassez hídrica é notória provoca disputas pelo controle de suas águas.
Desde 1959, o Egito e o Sudão monopolizam o acesso às águas do rio por meio de um acordo.
Mas nos últimos anos, seis países passaram a exigir a partilha igualitária do Rio Nilo:
– Etiópia
– Quênia
– Uganda
– Tanzânia
– Ruanda
– Burundi
A controvérsia aumentou a partir de 2011, quando a Etiópia começou a construção da hidrelétrica Grande Renascença.
Com 60% das obras concluídas até o final de 2017, ela será a maior barragem da África.
Como a hidrelétrica depende do desvio das águas do Nilo Azul, um dos afluentes do Rio Nilo, alguns países são contra o projeto.
O Sudão e o Egito temem que o fluxo das águas do Nilo para seus territórios fique comprometido.
Barragem no Rio Eufrates, na Turquia
Países envolvidos: Turquia, Iraque e Síria
As águas dos rios Tigre e Eufrates abastecem as históricas regiões da antiga Mesopotâmia.
Atualmente essa região abrange territórios da Síria e do Iraque.
No entanto, as nascentes são controladas pela Turquia, que vem realizando uma série de obras hidrelétricas na bacia desses rios.
Uma das barragens em construção no Rio Tigre é a Ilisu.
Ela é fortemente criticada pelas autoridades da Síria e do Iraque, que temem uma redução na vazão dos rios.
Além da construção da hidrelétrica, Síria e Iraque sofrem com a falta de chuvas.
A estiagem crônica dos últimos anos vem reduzindo o volume de água no Tigre e no Eufrates.
E isso afeta o abastecimento à população e o desenvolvimento da agricultura.
Dessa forma, a escassez hídrica se torna um foco a mais de tensão nesta já conturbada região.
Planalto do Tibete, na China
Países envolvidos:
– China
– Índia
– Bangladesh
– Tailândia
– Laos
– Camboja
– Vietnã
No planalto do Tibete, no sudoeste da China, correm cinco grandes rios que carregam as águas do degelo da Cordilheira do Himalaia e das chuvas de monções para vários países do sul e do sudeste asiático.
Um desses rios é o Mekong, que nasce na China e percorre quase 2 mil quilômetros passando por:
– Tailândia
– Laos
– Camboja
– Vietnã
Esses quatro países dependem das águas do Mekong, mas o abastecimento está sendo comprometido devido à construção de usinas hidrelétricas pela China.
Da mesma forma, o Laos também desenvolve projetos de construção de barragens no Mekong para produzir energia elétrica, o que gerou atritos com o governo do vizinho Camboja.
Além da disputa envolvendo o Rio Mekong, o Planalto do Tibete abriga a nascente do Rio Brahmaputra.
A China também tem planos de construir barragens e desviar as águas desse rio para gerar energia.
Isso afetará drasticamente o abastecimento de água para Índia e Bangladesh.
A inauguração da primeira usina hidrelétrica no Brahmaputra no final de 2015 afetou as relações entre China e Índia, que já não são das mais amistosas.
Paralelamente, também há disputas entre Índia e Bangladesh envolvendo as águas do Rio Ganges.
Colinas de Golã, no Oriente Médio
Países envolvidos: Israel, Síria, Jordânia
Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel invadiu e ocupou as Colinas de Golã, que pertenciam à Síria.
Além dos solos férteis e da estratégica posição, a região abriga as nascentes do Rio Jordão, o mais importante desta região desértica.
Das Colinas de Golã saem um terço da água consumida por Israel.
O represamento e os desvios nas águas de Golã por Israel afetam o abastecimento de Síria e de Jordânia que também dependem desta fonte hídrica.
Desde 1974, a ONU monitora um cessar-fogo entre Síria e Israel.
Com a guerra civil na Síria, Israel tem planos de incorporar definitivamente as Colinas de Golã ao seu território e vem ampliando os assentamentos na região.
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