Como é calculada a nota do ENEM? Saiba mais sobre a TRI
A Teoria de Resposta ao Item (TRI) é algo relativamente novo, tem em torno de 50 anos. É um método para quantificar a partir de uma avaliação. Ao aplicar uma avaliação, são extraídos alguns dados, é feito a estatística da avaliação, a TRI. (Vale lembrar que não é só o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), pode ser aplicado em uma avaliação qualquer)
Importante ressaltar que a TRI é uma teoria diferente do que chamamos de Teoria Clássica das Medidas (TCT), que ainda é aplicada na quantificação da pontuação da Unicamp, Unesp e Fuvest. Por exemplo: na primeira fase tem 72 questões, se você acertar 48, você faz 48 pontos, independentemente de quais questões você acerta. Na TCT, trabalhamos com o teste como um todo.
Já na TRI, não: cada item é importante e cada um tem a sua graduação quanto a pontuação. Pode ser que tenha um item com uma pontuação menor, pode ser que você tenha um item com uma pontuação maior.
E como essa pontuação é calculada? Cada uma das questões do ENEM passa por um pré-teste. E o que é isso? As questões vão para o banco de do INEP e são aplicadas no Brasil inteiro, no formato de simulados em escolas oficiais, tanto particulares quanto públicas. A partir desses dados, o INEP faz uma estatística de cada um dos itens (questões), e a partir disso ele estipula se a é fácil, médio ou difícil.
Como é feito, especificamente, no ENEM? A matriz curricular do exame é composta por um certo número de competências e habilidades em cada uma das 4 áreas do conhecimento. No caso da matemática, temos 7 competências e 30 habilidades, pensando especificamente em matemática e todas as competências são cobradas nas 45 questões do ENEM.
Para ficar mais fácil compreender, um exemplo: uma determinada competência é cobrada em 6 questões e, no pré-teste, foram classificadas em 3 questões fáceis, 2 médias e 1 difícil. Quando o aluno entra na escola, passa a adquirir habilidades, a partir dessas competências, o que chamamos de proficiência (ou traço latente, tecnicamente falando).
E qual é o x da questão na TRI? Você não pode contradizer o seu traço latente. Por qual motivo? Você não pode acertar uma questão difícil de uma competência e, na mesma competência, errar a questão fácil. Por que isso é uma contradição? Porque, se você imaginar uma escada e um degrau para cada uma das competências, como é possível chegar ao degrau 4 sem passar pelo 2, por exemplo? A TRI detecta isso. É por isso que, popularmente, é comentado que a TRI detecta o chute. Na verdade, existe uma contradição da proficiência.
Como que isso ocorre na prova de forma clara? Não está definido, visualmente, quais são as questões fáceis, médias e difíceis. Pode ser que as questões difíceis sejam as primeiras e as fáceis, as últimas. O que acontece? O aluno demanda muito tempo no começo e no final. Como ele já tem o fator cansaço e o fator tempo, acaba negligenciando as últimas questões. E aí, as difíceis, que estão no começo, ele acaba, de certa forma, tendo um trato um pouco maior e acaba acertando. E, as do final, ele acaba chutando e errando.
E o que a TRI vai fazer? Vai diminuir a nota dele. Por que? Porque cada questão tem graduação. Na TRI, é como se cada questão teste fosse uma questão dissertativa no formato de alternativa. Se você tem uma questão dissertativa, você leva em consideração o raciocínio do aluno. Já, na questão teste e na TCT, você não faz isso, mas na TRI, faz. É, por esse motivo, que não tem aquela ideia de que acertou, acertou, errou, errou. Cada um dos itens tem a sua graduação.
Dicas do professor:
– Faça uma leitura total da prova;
– Já leve em consideração a sua proficiência (ou traço latente) para avaliar as questões como fácil, média e difícil;
– Separe a prova por partes;
– Não perca muito tempo nas questões difíceis e deixe-as para o final.
“O cerne do Enem é coerência pedagógica.”
Rodrigo do Carmo é professor de Matemática do Curso e Colégio Oficina do Estudante
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