Primeira fase da Unesp fica mais difícil e aposta em interdisciplinaridade
Thaiza Pauluze
SÃO PAULO
Fonte: Folha de S. Paulo
A primeira fase do vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista), nesta quinta-feira (15), apostou na interdisciplinaridade. Os professores consideraram o teste mais difícil do que nos anos anteriores.
A prova de biologia, por exemplo, trouxe uma questão que misturava o sistema circulatório humano com circuitos elétricos. Outra, de matemática, discutiu o movimento artístico neoconcretismo.
“Teve uma mudança muito significativa na elaboração, que misturou as várias áreas de conhecimento como nunca antes”, afirmou Edmilson Motta, coordenador do curso Etapa.
Quem também viu um teste diferente das últimas edições foi Daniel Perry, coordenador do curso Anglo. “Foi além do conteúdo puro, simples e exigiu do aluno capacidade analítica.”
A professora de geografia e coordenadora pedagógica do curso Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes, vai na mesma esteira. Para ela, a prova foi inovadora e criativa. “Não foram questões convencionais, teve contextualização e interdisciplinaridade.”
Já para Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante, de Campinas, ao contrário, o vestibular da Unesp envelheceu. Para ele, falta contextualizar as questões. “Ela mantém essa estrutura que foge de qualquer tema atual que possa ser polêmico, qualquer discussão de diversidade, inclusão.”
A prova, segundo ele, reforça a ideia dos alunos estudarem só para o vestibular. “A questão que passava mais perto de contextualização era de uma criança no escorregador.”
O teste de biologia, que nos anos anteriores trouxeram, segundo Tasinafo, mais questões de saúde, esse ano teve apenas uma sobre prevenção ao vírus do HIV.
“A questão sobre processo de revolução industrial usou o texto mais batido desse assunto: ‘A Riqueza das Nações’, de Adam Smith”, afirmou o diretor da Oficina do Estudante.
Motta discorda. “Quando tem interdisciplinaridade, não tem como não ter contextualização. Tem que trazer os aspectos daquilo na realidade.” Para ele, nem o Enem deste ano deu tanto contexto aos alunos.
Já segundo Perry, embora a Unesp tenha bastante pé na vida real, ainda “é menos que o Enem”, o que não faz da prova “conteudista, arcaica”.
Nesta quinta-feira, os vestibulandos responderam 90 questões objetivas de conhecimentos gerais, sendo 30 de linguagens e códigos, 30 de ciências humanas e 30 de ciências da natureza e matemática.
O exame teve duração de quatro horas e meia e 93,3% dos candidatos presentes —apenas 6,7% não compareceram.
O resultado da primeira fase será divulgado no dia 3 de dezembro e as provas da segunda fase serão aplicadas nos dias 16 e 17 de dezembro, um domingo e uma segunda-feira.
No domingo, serão 24 questões, sendo 12 de ciências humanas e 12 de Ciências da Natureza e Matemática. Já na segunda, serão 12 questões de Linguagens e Códigos e a redação.
Entre as 7.365 vagas oferecidas no vestibular 2019 da Unesp, há 175 opções de entrada para cursos de graduação, distribuídas por 23 cidades paulistas.
Desse total, 50% é destinado ao sistema de reserva de vagas para educação básica pública. No ano passado, a porcentagem de ingressantes oriundos de escolas públicas foi de 55,8%.
Neste ano, o curso mais concorrido é o de medicina, oferecido na unidade de Botucatu, cuja relação candidato/vaga é 307,8.
A lista final com os nomes dos classificados será divulgada no site da Vunesp, que realiza o vestibular da Unesp, no dia 1º de fevereiro de 2019.
A prova da Unesp volta a abrir a maratona anual de exames de fim de ano das principais universidades paulistas. No domingo (18), será a vez da primeira fase da Unicamp. Já dia 25 de novembro, é vez da Fuvest, o exame da USP.
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