Tira Dúvidas
Como filmes premiados no Oscar podem cair no vestibular?
12 de Março de 2024O Oscar 2024 aconteceu neste domingo e, além de mobilizar os apaixonados por cinema pelo mundo, é uma excelente oportunidade para o aluno conhecer curtas e longas metragens com temáticas relevantes para estudar Física, História, Biologia, entre outras disciplinas, com objetivo de ser aprovado nos principais vestibulares do país. Em conjunto com alguns professores do Curso e Colégio Oficina do Estudante, fizemos um compilado de filmes que podem ser abordados nas provas e como eles podem cair. Confira as análises:
Oppenheimer
O grande vencedor do evento recebeu 13 indicações e 7 prêmios, entre eles, melhor filme, direção, ator, ator coadjuvante, melhor trilha sonora, melhor fotografia, melhor montagem, relata a história de Julius Robert Oppenheimer, cientista responsável por liderar o Projeto Manhattan, um programa confidencial dos Estados Unidos cujo objetivo era desenvolver uma bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Christopher Nolan, diretor do longa, baseou o filme no livro American Prometheus, biografia de J. Robert Oppenheimer escrita por Kai Bird e Martin J. Sherwin
O professor de Física, Márcio Miranda, ressalta a importância dessa produção para os alunos do Ensino Médio e do curso pré-vestibular. "A construção da bomba atômica e a liberação da energia nuclear se tornam factíveis por conta da equação famosa do Einstein, que é E=MC2, onde é apresentada uma equivalência entre massa e energia. E é energia, M, é massa e C é a velocidade da luz. “Em uma reação química nuclear, quando ocorre uma diferença de massa entre reagentes e produtos, essa diferença de massa pode ser convertida em energia. Agora, mesmo essa massa sendo muito pequena, como a velocidade da luz é muito grande, 300 milhões de metros por segundo, e ainda vai ao quadrado, a liberação da energia é descomunal”, explicou.
"É interessante notar que há uma discussão ética muito grande por trás do filme: os impactos e o uso dessa tecnologia pelas mentes humanas, já que a ciência em si não é boa nem má, mas é o uso que se faz dela é uma discussão filosófica e aborda uma ética muito importante no filme.”
Dica do professor: Márcio sugere um outro filme que está no Netflix, No Universo de Einstein, uma história que acontece antes de Oppenheimer que mostra antes antes do período da guerra, a ascensão do nazismo e essa decisão que o físico toma para incentivar o governo estadunidense a fazer pesquisas e construir o projeto Manhattan. “Os dois filmes estão conectados e se o vestibulando quiser agregar na sua trajetória de preparação, recomendo que ele assista aos dois filmes.”
Zona de Interesse
O filme, dirigido por Jonathan Glazer, que ganhou o prêmio de melhor roteiro adaptado, é um drama histórico que se passa durante a Segunda Guerra Mundial e foi adaptado do romance homônimo escrito pelo autor Martin Amis, no ano de 2014. Rudolf Höss (Christian Friedel), o comandante de Auschwitz, e sua esposa Hedwig (Sandra Hüller), desfrutam de uma vida aparentemente comum e bucólica, em uma casa com jardim, mas, por trás da fachada de tranquilidade, a família feliz vive, na verdade, ao lado do campo de concentração de Auschwitz e o dia-a dia destes personagens se desenrola entre os gritos abafados de desespero, do genocídio em curso, do qual, eles também são diretamente responsáveis.
Segundo o professor de História, Marcus Vinicius de Morais, o filme é impactante por muitos motivos, entre eles, pelas imagens não mostradas, já que todos sabem o que aconteceu em Auschwitz. Ele explica que a oposição e o contraste marcam a narrativa e lembra que, em uma das cenas, Rudolf Höss lê histórias de ninar para suas filhas e fala com a sua esposa a respeito de termas e spas na Itália. Ao fundo, sons de tiros, espancamentos, gritos e gemidos.
“Essa narrativa pode ser abordada de algumas formas nos vestibulares: em temas ligados ao Holocausto e a respeito da eliminação sistemática dos judeus, vistos, narrados e, por isso, tratados como ‘raça inferior’ e toda produção cinematográfica é também produto da época que foi produzida, ou seja, o mundo atual: Zona de Interesse também dialoga com o mundo contemporâneo, com a ascensão da extrema direita no mundo, com seus discursos de ódio e intolerância.”
Pobres Criaturas
A Biologia também apareceu e foi premiada nesta edição: Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, recebeu três estatuetas - melhor figurino, melhor direção de arte, melhor maquiagem e cabelo - e ainda teve Emma Stone premiada como melhor atriz. A história, baseada no livro homônimo de Alasdair Grey e referenciando o clássico Frankenstein, se passa na Era Vitoriana e acompanha Bella Baxter (interpretada por Stone), trazida de volta à vida após seu cérebro ser substituído pelo do filho que ainda não nasceu. O experimento, realizado pelo doutor Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista brilhante, porém nada ortodoxo, traz acontecimentos, no mínimo, curiosos para a trama.
Aline Biondo, professora de Biologia, explica a temática. “O transplante do cérebro não é uma realidade, é um algo muito mais complexo, afinal os neurônios não são capazes de sofrer proliferação celular, ou seja, eles não se dividem, e, portanto, é difícil você repor um neurônio. E a partir do momento que você pensa em transplantar um cérebro, implica ligar nervos e uma série de vasos sanguíneos conectados. Do ponto de vista biológico, o filme trata, então, de um transplante de órgãos, mas é um transplante que não é real, pelo menos no momento atual e com que a gente sabe sobre a medicina, devido à complexidade do sistema nervoso.”
Para as provas de vestibulares, ela exemplifica que podem ser abordados, talvez, na primeira fase, temas sobre: transplantes (cerebelo, já que está associado ao equilíbrio e movimento fino, ou um transplante só do cérebro, que está associado à inteligência, à memória, ou dentro do cérebro só foi feito um transplante do hipocampo, que é a área da memória, especificamente); atividades que poderiam ser afetadas devido à manipulação do cerebelo, cerebelo, hipotálamo e medula espinal e porque células neuronais são células totalmente diferenciadas e limitadas
Novas formas de estudar
De acordo com o diretor pedagógico do Colégio, Antunes Rafael, é possível estudar para o vestibular de diversas formas. “Além dos materiais didáticos - essenciais para o aprendizado, curtas e longas metragens, documentários, séries e obras literárias são excelentes opções para conhecer História, Geografia, Literatura, Física, Biologia, Química, entre outras disciplinas.ÂÂÂ
Ele ressalta que temos muitos exemplos de produções nacionais e internacionais que abordam desde temas ligados à escravidão, guerras até neurociência, passando por história da arte, épocas marcantes como revolução industrial e processos químicos. “Por muitas vezes, assistir a uma produção pode ser muito importante para o estudante visualizar, assimilar e relacionar os assuntos na hora da prova.”
O Oscar 2024 aconteceu neste domingo e, além de mobilizar os apaixonados por cinema pelo mundo, é uma excelente oportunidade para o aluno conhecer curtas e longas metragens com temáticas relevantes para estudar Física, História, Biologia, entre outras disciplinas, com objetivo de ser aprovado nos principais vestibulares do país. Em conjunto com alguns professores do Curso e Colégio Oficina do Estudante, fizemos um compilado de filmes que podem ser abordados nas provas e como eles podem cair. Confira as análises:
Oppenheimer
O grande vencedor do evento recebeu 13 indicações e 7 prêmios, entre eles, melhor filme, direção, ator, ator coadjuvante, melhor trilha sonora, melhor fotografia, melhor montagem, relata a história de Julius Robert Oppenheimer, cientista responsável por liderar o Projeto Manhattan, um programa confidencial dos Estados Unidos cujo objetivo era desenvolver uma bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Christopher Nolan, diretor do longa, baseou o filme no livro American Prometheus, biografia de J. Robert Oppenheimer escrita por Kai Bird e Martin J. Sherwin
O professor de Física, Márcio Miranda, ressalta a importância dessa produção para os alunos do Ensino Médio e do curso pré-vestibular. "A construção da bomba atômica e a liberação da energia nuclear se tornam factíveis por conta da equação famosa do Einstein, que é E=MC2, onde é apresentada uma equivalência entre massa e energia. E é energia, M, é massa e C é a velocidade da luz. “Em uma reação química nuclear, quando ocorre uma diferença de massa entre reagentes e produtos, essa diferença de massa pode ser convertida em energia. Agora, mesmo essa massa sendo muito pequena, como a velocidade da luz é muito grande, 300 milhões de metros por segundo, e ainda vai ao quadrado, a liberação da energia é descomunal”, explicou.
"É interessante notar que há uma discussão ética muito grande por trás do filme: os impactos e o uso dessa tecnologia pelas mentes humanas, já que a ciência em si não é boa nem má, mas é o uso que se faz dela é uma discussão filosófica e aborda uma ética muito importante no filme.”
Dica do professor: Márcio sugere um outro filme que está no Netflix, No Universo de Einstein, uma história que acontece antes de Oppenheimer que mostra antes antes do período da guerra, a ascensão do nazismo e essa decisão que o físico toma para incentivar o governo estadunidense a fazer pesquisas e construir o projeto Manhattan. “Os dois filmes estão conectados e se o vestibulando quiser agregar na sua trajetória de preparação, recomendo que ele assista aos dois filmes.”
Zona de Interesse
O filme, dirigido por Jonathan Glazer, que ganhou o prêmio de melhor roteiro adaptado, é um drama histórico que se passa durante a Segunda Guerra Mundial e foi adaptado do romance homônimo escrito pelo autor Martin Amis, no ano de 2014. Rudolf Höss (Christian Friedel), o comandante de Auschwitz, e sua esposa Hedwig (Sandra Hüller), desfrutam de uma vida aparentemente comum e bucólica, em uma casa com jardim, mas, por trás da fachada de tranquilidade, a família feliz vive, na verdade, ao lado do campo de concentração de Auschwitz e o dia-a dia destes personagens se desenrola entre os gritos abafados de desespero, do genocídio em curso, do qual, eles também são diretamente responsáveis.
Segundo o professor de História, Marcus Vinicius de Morais, o filme é impactante por muitos motivos, entre eles, pelas imagens não mostradas, já que todos sabem o que aconteceu em Auschwitz. Ele explica que a oposição e o contraste marcam a narrativa e lembra que, em uma das cenas, Rudolf Höss lê histórias de ninar para suas filhas e fala com a sua esposa a respeito de termas e spas na Itália. Ao fundo, sons de tiros, espancamentos, gritos e gemidos.
“Essa narrativa pode ser abordada de algumas formas nos vestibulares: em temas ligados ao Holocausto e a respeito da eliminação sistemática dos judeus, vistos, narrados e, por isso, tratados como ‘raça inferior’ e toda produção cinematográfica é também produto da época que foi produzida, ou seja, o mundo atual: Zona de Interesse também dialoga com o mundo contemporâneo, com a ascensão da extrema direita no mundo, com seus discursos de ódio e intolerância.”
Pobres Criaturas
A Biologia também apareceu e foi premiada nesta edição: Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, recebeu três estatuetas - melhor figurino, melhor direção de arte, melhor maquiagem e cabelo - e ainda teve Emma Stone premiada como melhor atriz. A história, baseada no livro homônimo de Alasdair Grey e referenciando o clássico Frankenstein, se passa na Era Vitoriana e acompanha Bella Baxter (interpretada por Stone), trazida de volta à vida após seu cérebro ser substituído pelo do filho que ainda não nasceu. O experimento, realizado pelo doutor Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista brilhante, porém nada ortodoxo, traz acontecimentos, no mínimo, curiosos para a trama.
Aline Biondo, professora de Biologia, explica a temática. “O transplante do cérebro não é uma realidade, é um algo muito mais complexo, afinal os neurônios não são capazes de sofrer proliferação celular, ou seja, eles não se dividem, e, portanto, é difícil você repor um neurônio. E a partir do momento que você pensa em transplantar um cérebro, implica ligar nervos e uma série de vasos sanguíneos conectados. Do ponto de vista biológico, o filme trata, então, de um transplante de órgãos, mas é um transplante que não é real, pelo menos no momento atual e com que a gente sabe sobre a medicina, devido à complexidade do sistema nervoso.”
Para as provas de vestibulares, ela exemplifica que podem ser abordados, talvez, na primeira fase, temas sobre: transplantes (cerebelo, já que está associado ao equilíbrio e movimento fino, ou um transplante só do cérebro, que está associado à inteligência, à memória, ou dentro do cérebro só foi feito um transplante do hipocampo, que é a área da memória, especificamente); atividades que poderiam ser afetadas devido à manipulação do cerebelo, cerebelo, hipotálamo e medula espinal e porque células neuronais são células totalmente diferenciadas e limitadas
Novas formas de estudar
De acordo com o diretor pedagógico do Colégio, Antunes Rafael, é possível estudar para o vestibular de diversas formas. “Além dos materiais didáticos - essenciais para o aprendizado, curtas e longas metragens, documentários, séries e obras literárias são excelentes opções para conhecer História, Geografia, Literatura, Física, Biologia, Química, entre outras disciplinas.ÂÂÂ
Ele ressalta que temos muitos exemplos de produções nacionais e internacionais que abordam desde temas ligados à escravidão, guerras até neurociência, passando por história da arte, épocas marcantes como revolução industrial e processos químicos. “Por muitas vezes, assistir a uma produção pode ser muito importante para o estudante visualizar, assimilar e relacionar os assuntos na hora da prova.”