Arcadismo: principais características desse movimento artístico
Arcadismo: principais características desse movimento artístico
Por Katyucha de Oliveira
Escola Kids/ UOL
Você sabe o que foi o Arcadismo?
Conheça as principais características desse movimento cultural e artístico e como os anseios humanos eram representados dentro dessa corrente.
Veja também como a linguagem árcade influenciou a Literatura, a História e a Arte.
O Arcadismo é uma escola literária que influenciou a Europa no século XVIII.
Seu estilo revisitou a harmonia clássica da Antiguidade Greco-Romana, tomando como inspiração o período histórico do Renascimento – que prezava a razão como uma maneira mais capaz de investigar a vida e a arte, alcançando sua perfeição por meio do estilo clássico (nesse estilo, o que era mais tradicional e requintado era também mais apreciado).
Esse movimento literário também ficou conhecido como Período Neoclássico.
Além dessa nomenclatura, a escola literária também ficou conhecida como Setecentismo – uma vez que surgiu em 1756, influenciada pelo século das luzes.
A palavra Arcadismo deriva de Arcádias, que eram agremiações intelectuais (reuniões culturais) organizadas por estudantes e escritores.
Também faz referência a uma província antiga da Grécia chama Arcádia.
O Arcadismo foi um movimento de reação ao Barroco.
Tentou-se estabelecer equilíbrio, ordem e simplicidade em resposta ao contraditório e ao apelo exagerado da estética barroca (movimento literário anterior).
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Barroco
Rebuscamento formal
Preferência pelos aspectos dramáticos, exagerados
Exalta os contrastes
Arcadismo
Simplificação do conteúdo
Retorno à sobriedade clássica, ao tradicional
Equilibra, harmoniza
Características gerais do Arcadismo
Culto à sensibilidade
Fé na razão e na ciência
Interesse pelos problemas sociais
Necessidade de viver o momento presente (carpe diem)
Eliminação das inutilidades (inutilia truncat)
Fingimento poético pastoril (aurea mediocritas)
Uso de pseudônimos líricos e satíricos
Arcadismo em Portugal e no Brasil
Em Portugal e no Brasil, a prática do retorno ao clássico inspirou-se nos moldes tradicionais do Arcadismo, fazendo também surgir academias literárias locais (as arcádias) e textos que exaltavam a vida no campo e representavam a vida pastoril (simulando que eram pastores).
Essa idealização de uma vida camponesa e natural ajustava-se aos interesses de um público novo que estava sendo formado naquele momento:
a burguesia, classe que lutava por espaço e reconhecimento social, batendo de frente com a ostentação que a nobreza esbanjava na corte.
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Contexto histórico
O Arcadismo foi bastante influenciado pelas concepções ideológicas do Iluminismo (período em que as descobertas científicas eram incentivadas e havia um ambiente propício para as questões intelectuais), tais como:
Exaltação da natureza
Transmissão apaixonada do saber
Crença na melhoria da sociedade por meio do conhecimento
Confiança nas ações governamentais para a garantia da qualidade de vida e do bem-estar
No Brasil, a descoberta de ouro nas Minas Gerais deslocou o desenvolvimento para essa região no século XVIII.
Também inspirados pela Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, alguns jovens brasileiros mais letrados propunham documentos que assegurassem a igualdade de todos perante a lei.
Como Minas Gerais estava em foco, a opressão administrativa de Portugal sobre essa região tornou-se insuportável e aconteceu a Inconfidência Mineira – movimento que pretendia tornar o Brasil livre da exploração econômica que sofria.
Linguagem literária
A Literatura era a expressão sob a lógica da natureza e adequava-se ao pensamento do filósofo Aristóteles (filósofo grego que muito contribuiu para diversas áreas do conhecimento), que afirmou:
“O verdadeiro é o natural, o natural é o racional”.
Trata-se de uma reflexão sobre o homem estar em equilíbrio com a natureza.
Para os árcades, a razão, a natureza e a verdade representavam os alicerces da cultura.
Duas expressões marcaram o formato do Arcadismo:
O homem natural
Uma espécie de herói do século XVIII cuja bondade era constantemente colocada à prova mediante os obstáculos da vida, que ele sempre superava com lealdade.
Bucolismo
Simplicidade do homem que escolhe o campo para fugir das agitações sociais causadas pelas adversidades urbanas.
Foi representado na poesia com a simplicidade do pastoreio (atividade de conduzir os animais no campo).
Principais autores do Arcadismo
Luís Antônio Verney, Correia Garção e Filinto Elísio são representantes do Arcadismo na Literatura Portuguesa, mas, sem dúvidas, o maior representante do Arcadismo em Portugal é Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Considerado o mestre dos sonetos, Bocage foi um poeta que brilhou no finalzinho do período, já no processo de transição entre o Arcadismo e o Pré-Romantismo.
Os principais poetas e obras do Arcadismo brasileiro são:
1. Cláudio Manoel da Costa – Obras (poema épico) e Vila Rica (poesia)
2. Tomás Antônio Gonzaga – Cartas Chilenas (poema satírico) e Marília de Dirceu (poema lírico)
3. Basílio da Gama – O Uruguai (poema épico)
4. Santa Rita Durão – Caramuru (poema épico)
Veja o exemplo de um soneto árcade de Cláudio Manoel da Costa cujo autor volta-se para a natureza porque na concepção dele é onde residem a beleza, a pureza e a paz.
Repare que ele se mostra infeliz com o barulho da cidade e elogia o cenário pastoril escolhendo recolher-se no campo.
LXIII
Já me enfado de ouvir este alarido,
Com que se engana o mundo em seu cuidado;
Quero ver entre as peles, e o cajado,
Se melhora a fortuna de partido.
Canse embora a lisonja ao que ferido
Da enganosa esperança anda magoado;
Que eu tenho de acolher-me sempre ao lado
Do velho desengano apercebido.
Aquele adore as roupas de alto preço,
Um siga a ostentação, outro a vaidade;
Todos se enganam com igual excesso.
Não chamo a isto já felicidade:
Ao campo me recolho, e reconheço,
Que não há maior bem, que a soledade.
© CLÁUDIO MANOEL DA COSTA
In Obras Poéticas (Tomo I), 1903
SONETOS
Arcadismo
Os movimentos artísticos representados durante o Arcadismo pretendiam valorizar o mesmo recorte tradicional do desenho de cupidos, querubins e festas representando Baco (deus do vinho que promovia muitas festas e era bastante homenageado nas obras clássicas), mas acabaram destacando mais a afeição do homem quanto aos elementos da natureza e a crítica à Igreja e à nobreza.
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