Branco na prova: especialista ensina como evitar esse problema
Branco na prova: especialista ensina como evitar esse problema
O GUIA conversou com um especialista em memória para saber por que temos “brancos” às vezes – e o que fazer para evitá-los
Por Ana Prado/ Guia do Estudante
Imagem: accordingtodevin.tumblr.com – Giphy
Um dos grandes medos dos vestibulandos é o de “dar branco” na hora de fazer uma prova.
O branco, ou bloqueio, é a incapacidade temporária de recuperarmos uma informação aprendida.
Nós temos consciência de que sabemos, mas não conseguimos recordar – e o dado parece estar tão próximo de ser lembrado, que dizemos que “está na ponta da língua”.
A boa notícia é que dá para evitar isso.
E, mesmo se rolar na hora da prova, não há motivo para desespero.
Branco na prova
“É importante que o estudante esteja ciente de que ele não esqueceu:
o conteúdo está em seu cérebro, mas temporariamente inacessível; portanto, sem pânico!”, garante o pesquisador em psicobiologia e especialista em memória Cleanto Rogério Rego Fernandes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A melhor forma tanto de evitar quanto de lidar com o “branco” é entender por que ele acontece.
Para isso, leia a conversa que tivemos com Cleanto.
GE: Por que acontece de “dar branco” às vezes?
Cleanto: O bloqueio geralmente ocorre em situações estressoras.
Nessas situações, as glândulas adrenais (que ficam logo acima dos rins) liberam o hormônio cortisol na corrente sanguínea.
Esse hormônio irá promover alterações no funcionamento de várias partes do corpo, inclusive o cérebro.
Isso afeta as funções cognitivas e, no caso da memória, prejudica a recordação.
É natural que tenhamos dificuldade de lembrar algo quando estamos numa situação de estresse.
Isso faz parte do repertório de alterações fisiológicas e cognitivas que apresentamos nessas situações, as quais incluem também:
– taquicardia (coração acelerado),
– boca seca e
– sudorese (especialmente na palma das mãos).
GE: O “branco” costuma ter uma duração definida?
Cleanto: Na maioria dos casos, o bloqueio passa pouco tempo depois, com a pessoa lembrando a informação em um ou dois minutos.
Mas, algumas vezes, a informação pode permanecer bloqueada por dias.
GE: Há alguma forma de evitar isso?
Cleanto: Para evitar isso, o melhor é adotar estratégias que evitem um episódio agudo de estresse durante a prova.
Nesse sentido, é fundamental que o estudante tenha uma boa noite de sono nos dias que antecedem o exame, especialmente na véspera.
O sono, além de ter um efeito relaxante sobre o indivíduo no dia seguinte, é indispensável para que o conteúdo estudado torne-se uma memória estável e duradoura.
Exercício físico também pode aliviar o estresse.
GE: O que fazer se der um “branco” na hora do vestibular?
Cleanto: Como disse, na maioria das vezes o branco desaparece e a informação antes bloqueada fica acessível à recordação após poucos minutos.
É importante que o estudante esteja ciente de que ele não esqueceu: o conteúdo está em seu cérebro, mas temporariamente inacessível; portanto, sem pânico!
Sendo assim, ele pode partir para outra questão e depois, quando provavelmente estiver mais relaxado, retornar à questão inicial.
Se na ocasião a pessoa conseguir lembrar algo, por mais geral ou pouco que seja, será útil pensar ou escrever a respeito.
A nossa memória funciona como uma rede de informações conectadas entre si.
Então, quando o estudante elabora uma parte do conteúdo, ele está ativando uma parte dessa rede em seu cérebro, o que, por sua vez, facilita a ativação de toda a rede e a recordação do conteúdo completo.
GE: Como a ansiedade influencia a memória? Existe alguma forma de manter o controle das duas coisas e evitar ter brancos na hora da prova?
Cleanto: As pessoas mais ansiosas são muito mais propensas a terem um branco na hora da prova.
Mas existem condições que aumentam a probabilidade de ocorrer esse bloqueio, geralmente porque favorecem episódios de estresse, como:
– privação de sono e
– ingestão de bebidas cafeinadas (café, refrigerante de cola etc).
Estudantes devem sempre evitar privação de sono, isso é péssimo para a memória.
Também devem evitar o exagero na hora de consumir cafeína.
E, nos caso dos mais ansiosos, considerar não ingerir.
Eu sempre destaco essa questão do sono porque é comum, especialmente entre os vestibulandos, a prática de “virar a noite” estudando.
Além de prejudicial à saúde, isso impede a consolidação da memória para um longo prazo.
O melhor a fazer é estudar durante o dia e dormir as horas que o corpo exigir durante a noite, permitindo assim que a informação torne-se um traço permanente em nossa memória, e portanto acessível meses ou anos depois.
Sem o sono, a memória tende a durar pouco e logo ser esquecida.
Leia mais
Sublinhar texto: aprenda fazer do jeito certo
Dicas de redação: confira cinco hábitos para escrever melhor
Deixe uma resposta